Pássaros Derrubam Boeing 737 800 na Coréia do Sul

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Com base nas investigações ainda em curso, o que se pode relatar com segurança técnica sobre o acidente envolvendo o voo da Jeju Air, proveniente de Bangkok e que caiu ao pousar em Muan, em 29 de dezembro de 2024, inclui os seguintes fatos confirmados até o momento:

Dados do voo e vítimas

  • A aeronave era um Boeing 737‑800, levando 181 pessoas a bordo, passageiros e tripulantes, das quais 179 pereceram e apenas duas comissárias sobreviveram.
  • A queda ocorreu por volta das 9h (horário local da Coreia do Sul), equivalente a 21h no Brasil do dia anterior.

Evidências de colisão com aves

  • Foi confirmada a presença de penas e vestígios de sangue de aves nos dois motores da aeronave, posteriormente identificadas como patos Baikal teal por análise de DNA.
  • Cerca de um minuto antes de cessarem os gravadores de voo, o controle de tráfego informou os pilotos sobre atividade de aves próximas, o que foi reconhecido pela tripulação e precedeu o pedido de declaração de emergência; Mayday.

Gravadores = black boxes

  • Tanto o Flight Data Recorder – FDR, quanto o Cockpit Voice Recorder –  CVR, pararam de registrar cerca de 4 minutos antes do impacto, por volta das 08h58min50s, enquanto o avião ainda estava a aproximadamente 1,1 milha náutica, (±) 2 km da pista, e em torno de 152 metros de altitude a 161 nós (±) 298 km/h.
  • A causa dessa falha simultânea nos gravadores pode ter sido a perda total de alimentação elétrica, um fenômeno raro.

Falha na seleção do motor

  • Investigadores relatam que, após a colisão com as aves, os pilotos desligaram o motor esquerdo, que apresentava menos danos, em vez de desativar o direito, que era o mais afetado, um erro identificado com base em dados da cabine de voz, registros eletrônicos e até o interruptor físico do motor recuperado nos destroços.
  • Esse desligamento incorreto é apontado como fator crítico que comprometeu seriamente a capacidade de resposta da tripulação durante a emergência.

Tentativa de pouso e colisão na pista

  • A tripulação tentou um belly landing, pouso sem trem, sem o trem de pouso baixado, e em alta velocidade, o que levou a aeronave a ultrapassar a pista e colidir com uma estrutura de concreto, localizer, no final da pista, resultando em explosão e incêndio.

Reações das famílias e do sindicato

  • Familiares das vítimas e o sindicato dos pilotos expressaram preocupação com a comunicação dos resultados preliminares, acusando as autoridades de atribuir exclusivamente a culpa à tripulação sem investigar suficientemente outras causas, como o papel da estrutura do aeródromo, embankment localizer, e falhas operacionais da própria Jeju Air ou do aeroporto.

O que ainda está em investigação

  • A desmontagem e análise aprofundada dos dois motores, conduzida por um grupo internacional, incluindo NTSB dos EUA e BEA da França, está em andamento para verificar se houve defeitos pré-existentes ou impactos que justificassem falhas múltiplas.
  • Estão sendo examinadas também condições de operação do aeroporto, incluindo a gestão de controle de aves, a presença da estrutura de concreto no final da pista e adequações no procedimento de emergência e escolha de motor a ser desligado.
  • A causa da falha dos gravadores no momento crítico ainda precisa ser explicada em detalhe.

Resumo técnico seguro

  • Bird Strike – Confirmado em ambos os motores (patos Baikal teal)
  • Gravadores – Pararam 4 minutos antes do impacto
  • Seleção de motor – Pilotos desligaram o motor menos danificado
  • Pouso – Tentativa de belly landing em alta velocidade sem trem
  • Colisão na pista – Impacto com estrutura de concreto; incêndio e mortes
  • Superviventes – Apenas duas comissárias sobreviventes

Considerações finais

  • A investigação ainda é preliminar, mas já apresenta evidências técnicas robustas.
  • Embora o erro na escolha do motor desligado seja apontado como contributo crítico, é prematuro atribuir culpa definitiva, pois fatores estruturais, como o localizer, e a gestão de riscos no aeroporto também estão sendo avaliados.
  • A conclusão final deverá ser apresentada dentro do prazo exigido pela ICAO, em até 12 meses após o acidente, detalhando causas técnicas, humanas e institucionais.

Até o relatório final, essas informações representam o conjunto de dados confiáveis e verificados que retratam com precisão o ocorrido, sem especulações além das evidências atuais.

Fontes; pesquisas virtuais.

Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
21/07/2025

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