O caso ocorrido em 6 de maio de 1980, envolvendo o sequestro de um avião da TAP – Transportes Aéreos Portugueses, por jovem de apenas 16 anos, é episódio insólito e, ao mesmo tempo, marcante na história da aviação comercial.
O fato ficou conhecido não apenas pela juventude do sequestrador, mas também pela forma inesperadamente pacífica e quase surreal com que tudo se desenrolou, culminando em uma curiosa amizade entre o sequestrador e o comandante da aeronave.
Resumo do acontecimento
Naquela data, o voo TP-317 da TAP partiu de Lisboa com destino a Faro, no sul de Portugal, em um Boeing 727, transportando cerca de 108 passageiros.
Pouco depois da decolagem, um jovem chamado José Marques da Silva, com 16 anos, anunciou o sequestro do avião, exibindo uma arma, posteriormente identificada como falsa, de brinquedo, exigindo que o voo fosse redirecionado para Madrid, na Espanha.
Motivações e comportamento do sequestrador
Segundo relatos, José era um adolescente emocionalmente fragilizado, que alegava estar em busca de atenção, visibilidade e, possivelmente, tentando fazer uma declaração de insatisfação pessoal.
Não houve qualquer motivação política, ideológica ou criminosa clara por trás do ato. Ele não feriu nem ameaçou diretamente os passageiros, e sua postura era descrita como calma, até ingênua.
A reação da tripulação e a condução do voo
O comandante da aeronave, José Costa Martins, ao perceber que o sequestrador era um menor sem comportamentos violentos reais, optou por manter a tranquilidade a bordo.
Ele conversou com o jovem, acalmando-o e ganhando sua confiança. O piloto autorizou o desvio da rota para Madrid, onde o avião pousou sem incidentes.
O desfecho: entrega e amizade inusitada
Após o pouso em Madrid, José entregou-se pacificamente às autoridades espanholas. Nenhum passageiro ficou ferido, e o sequestro foi resolvido sem uso de força.
O mais surpreendente veio depois: o piloto e o jovem estabeleceram uma amizade genuína, com trocas de cartas após o episódio, e até visitas posteriores, inclusive com o comandante oferecendo apoio ao garoto.
Consequências e aspectos legais
Como José era menor de idade, o caso foi tratado com medidas socioeducativas, sem condenação penal severa. O episódio foi amplamente repercutido na imprensa portuguesa e europeia pela sua singularidade.
Detalhes relevantes e curiosidades
- O Boeing 727 era, na época, uma das principais aeronaves da frota da TAP.
- A segurança aeroportuária em 1980 era muito mais permissiva, permitindo brechas como o embarque com objetos falsos.
- A postura humana e racional do comandante foi decisiva para evitar o pânico e resolver o incidente com empatia.
- O caso é frequentemente citado como exemplo raro de como uma situação de sequestro aéreo pode ser resolvida com diálogo, sensibilidade e inteligência emocional.
Legado
Esse episódio é lembrado até hoje como um caso quase “inacreditável” de sequestro aéreo, não pela gravidade do ato em si, mas pelo ineditismo da idade do sequestrador, a ausência de violência e o desfecho humanamente incomum.
Reforça também a importância da preparação psicológica e emocional de pilotos para situações de crise.
Fontes; pesquisas virtuais.
Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
20/07/2025