O voo British Airways 009, também conhecido como o incidente do “City of Edinburgh”, é um dos casos mais impressionantes da aviação comercial, ocorrido em 24 de junho de 1982.
Operado por um Boeing 747-200 da British Airways, o voo seguia de Londres para Auckland, com escalas em Bombaim, Kuala Lumpur, Perth e Melbourne. Durante o trecho entre Kuala Lumpur e Perth, o avião enfrentou uma situação crítica ao sobrevoar a Indonésia, especificamente próximo a Jacarta.
Resumo do acontecimento
Enquanto voava a cerca de 11.300 metros de altitude, o Boeing 747 entrou inadvertidamente em uma nuvem de cinzas vulcânicas invisíveis, expelidas pela erupção do vulcão Galunggung, situado a cerca de 180 quilômetros ao sudeste de Jacarta.
A tripulação e os passageiros inicialmente notaram cheiro estranho na cabine, parecido com enxofre ou fumaça. Logo em seguida, todos os quatro motores falharam quase simultaneamente, algo considerado extremamente improvável em um avião quadrimotor.
Momentos de crise
Com a falha total dos motores, o comandante Eric Moody e sua tripulação iniciaram procedimentos de descida de emergência, enquanto tentavam desesperadamente reiniciar os motores. A cabine foi tomada por luz azulada anormal, conhecida como “fogo de santelmo”, ao longo das janelas e das superfícies metálicas da fuselagem, outro indicativo de presença de partículas ionizadas, como as da cinza vulcânica.
Durante cerca de 15 minutos, o avião planou em silêncio, perdendo altitude rapidamente. O comandante fez anúncio aos passageiros que se tornaria lendário na história da aviação:
- “Senhoras e senhores, aqui é o comandante. Temos um pequeno problema. Todos os quatro motores pararam. Estamos fazendo o possível para mantê-los confortáveis.”
Recuperação e pouso seguro
A aproximadamente 8.400 metros de altitude, o motor número 4 voltou a funcionar, seguido pouco depois pelos outros três. A tripulação conseguiu estabilizar a aeronave, que ainda enfrentava visibilidade reduzida por causa da cinza. Mesmo assim, decidiram continuar para Jacarta, onde o avião pousou em segurança, apesar de visibilidade comprometida e janelas riscadas pelas partículas vulcânicas.
Danos e consequências
A inspeção após o pouso revelou danos severos nas pás das turbinas, vidros da cabine riscados, sensores obstruídos e falhas em diversos sistemas eletrônicos. O jato ficou fora de operação por semanas.
Importância e legado
Esse incidente trouxe à luz o perigo invisível das cinzas vulcânicas para a aviação, até então subestimado. Cinzas não aparecem nos radares meteorológicos convencionais e podem provocar danos gravíssimos aos motores a jato, fazendo-os parar por abrasão e entupimento.
Após o caso do voo BA 009, medidas internacionais foram implementadas:
- Criação de Centros de Alerta de Cinzas Vulcânicas – VAACs.
- Reforço no monitoramento de erupções vulcânicas próximas a rotas aéreas.
- Treinamentos específicos para tripulações sobre o comportamento de aeronaves em cinzas.
Curiosidade final
A habilidade da tripulação foi amplamente elogiada. A forma calma, precisa e técnica com que os pilotos reagiram evitou o que teria sido um dos piores desastres da aviação civil.
O caso permanece como referência em treinamentos de segurança e gestão de crise em voo.
Fontes; pesquisas virtuais.
Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
20/07/2025