Airbus A300 é Abatido Por Míssil Americano

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O abate do voo Iran Air 655, em 3 de julho de 1988, é considerado um dos episódios mais trágicos e controversos da história da aviação e da geopolítica do século XX.

Um avião comercial iraniano foi derrubado por um míssil lançado por um navio de guerra dos Estados Unidos, matando todos os 290 civis a bordo, incluindo 66 crianças.

O incidente ocorreu durante uma fase crítica da guerra entre Irã e Iraque, e até hoje permanece como símbolo de erro militar com graves consequências humanas e diplomáticas.

Resumo do acontecimento

O voo Iran Air 655 era voo comercial regular operado por um Airbus A300, partindo de Bandar Abbas, Irã, com destino a Dubai, Emirados Árabes Unidos. A aeronave decolou às 10h17, hora local, subindo pela rota aérea internacional comercial IR655, uma trajetória reconhecida e utilizada por aviões civis.

Cerca de 20 minutos após a decolagem, enquanto sobrevoava o Estreito de Ormuz, o avião foi atingido por dois mísseis disparados do cruzador USS Vincennes, da Marinha dos Estados Unidos.

O avião foi destruído em pleno ar e caiu no Golfo Pérsico. Todos os 290 ocupantes morreram.

Contexto geopolítico e militar

O incidente aconteceu durante o final da guerra Irã-Iraque, 1980-1988, quando o Golfo Pérsico estava militarizado. Os EUA estavam apoiando indiretamente o Iraque, fornecendo informações e realizando patrulhas navais no Golfo para proteger navios comerciais, inclusive petroleiros do Kuwait, alvos constantes de ataques iranianos.

O USS Vincennes, sob o comando do capitão Will Rogers III, operava na região para garantir “liberdade de navegação”. Na manhã do incidente, o navio se envolveu em troca de tiros com embarcações iranianas e, durante o conflito, detectou erroneamente o Airbus como uma ameaça militar, um avião de combate F-14 Tomcat iraniano.

Erro de identificação e falhas humanas

Vários fatores contribuíram para o trágico engano:

  • O Airbus estava em rota comercial autorizada, emitindo sinais de transponder civis, modo III.
  • O radar do USS Vincennes interpretou erroneamente a aeronave como subindo para atacar, quando na verdade ela subia de forma rotineira após a decolagem.
  • A tripulação do navio afirmou que o avião não respondeu a advertências via rádio, mas mais tarde se soube que os avisos foram emitidos em frequências militares, não civis.
  • Havia tensão elevada e percepção de ameaça iminente, o que influenciou a decisão precipitada.

Consequências imediatas

  • A destruição do voo Iran Air 655 causou comoção internacional e forte reação do Irã, que acusou os EUA de crime de guerra deliberado.
  • Os Estados Unidos alegaram erro trágico, mas nunca pediram desculpas formais. Em vez disso, lamentaram a perda de vidas e expressaram pesar, mas defenderam a atuação da tripulação do navio.
  • Nenhum membro da tripulação do USS Vincennes foi punido. Pelo contrário, alguns foram condecorados posteriormente, o que gerou ainda mais indignação.
  • O Irã entrou com processo contra os EUA na Corte Internacional de Justiça.

Acordo e compensações

Em 1996, os Estados Unidos e o Irã chegaram a um acordo de compensação no Tribunal de Haia, no qual os EUA pagaram US$ 61,8 milhões às famílias das vítimas, aproximadamente US$ 213 mil por vítima, sem reconhecer culpa legal.

Repercussões duradouras

  • O incidente é lembrado como exemplo grave de falha no julgamento militar em ambiente de guerra assimétrica.
  • Agravou profundamente as relações entre os EUA e o Irã, já extremamente tensas.
  • É até hoje explorado politicamente por líderes iranianos, como símbolo de “agressão imperialista dos EUA”.
  • É citado em manuais de ética militar e segurança aérea como alerta sobre riscos de decisões precipitadas em zonas de conflito.

Conclusão

O abate do voo Iran Air 655 por um navio de guerra dos Estados Unidos foi um trágico resultado de falhas de comunicação, erro de interpretação e clima de tensão militar.

A perda de 290 vidas civis, entre elas dezenas de mulheres e crianças, evidenciou os riscos de ações militares em áreas com tráfego aéreo civil e causou danos duradouros à imagem dos EUA no cenário internacional.

Até hoje, é um caso emblemático de como decisões em frações de segundos podem resultar em consequências humanas irreversíveis.

Fontes; pesquisas virtuais.

Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
21/07/2025

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