Ulysses Guimarães – Históricos

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Ulysses Silveira Guimarães nasceu em 6 de outubro de 1916, em Rio Claro, interior de São Paulo. Filho de família de classe média. Estudou Direito na Universidade de São Paulo (USP), onde iniciou sua aproximação com a vida política. Sua formação acadêmica e sua habilidade de comunicação abriram-lhe espaço para a carreira pública, marcada pela oratória firme e pelo espírito conciliador.

Ingressou na política em 1947, eleito deputado estadual em São Paulo pelo Partido Social Democrático (PSD). Pouco tempo depois, em 1950, conquistou mandato de deputado federal, função que exerceu ininterruptamente por várias legislaturas, consolidando-se como um dos parlamentares mais longevos e influentes da história do Brasil.

Sua trajetória destacou-se pela defesa da democracia e pelo diálogo entre diferentes correntes políticas.

Durante a ditadura militar instaurada em 1964, Ulysses tornou-se uma das vozes mais firmes da oposição. Participou da fundação do MDB, partido que reuniu forças contrárias ao regime, e ganhou projeção nacional como líder da resistência democrática dentro do Congresso. Nesse período, destacou-se como articulador de estratégias para manter a chama da democracia viva em ambiente de forte repressão.

Nos anos 1980, assumiu papel central no processo de redemocratização.

Foi um dos principais líderes da campanha “Diretas Já”, que mobilizou milhões de brasileiros em favor da eleição direta para presidente da República. Embora a emenda que restabeleceria o voto direto não tenha sido aprovada, o movimento fortaleceu a pressão popular e acelerou o fim da ditadura.

Com a eleição indireta de Tancredo Neves em 1985, Ulysses tornou-se presidente da Câmara dos Deputados e, logo depois, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, instalada em 1987.

Sua atuação foi decisiva na elaboração da Constituição de 1988, que consagrou amplas garantias democráticas e sociais. Pela importância de seu papel, passou a ser chamado de “Senhor Diretas” e “Senhor Constituição”.

Ulysses Guimarães continuou ativo na política após a promulgação da Constituição, mantendo-se como referência ética e moral da vida pública.

No entanto, sua trajetória foi interrompida tragicamente em 12 de outubro de 1992, quando o helicóptero em que viajava caiu no litoral de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Seu corpo nunca foi encontrado, o que reforçou ainda mais o caráter simbólico de sua ausência.

O desaparecimento de Ulysses representou perda irreparável para o país. Sua figura permanece associada à luta pela democracia, à defesa das liberdades e à construção de um Brasil mais justo e participativo.

Até hoje, é lembrado como um dos maiores parlamentares da história nacional, símbolo da transição democrática e da esperança em tempos de mudança.

Acidente com o helicóptero de Ulysses Guimarães

  • Data e trajeto
    Na segunda-feira, 12 de outubro de 1992, feriado nacional (Nossa Senhora Aparecida), o helicóptero Esquilo de prefixo PT-HMK decolou de Angra dos Reis (RJ), com destino a São Paulo, após um fim de semana na casa do empresário Luís Eduardo Guinle. A bordo estavam o deputado federal Ulysses Guimarães, sua esposa Mora, o ex-senador Severo Gomes, a esposa deste e o piloto Jorge Comemorato. Pouco tempo após a decolagem, a aeronave desapareceu em voo.
  • Buscas imediatas e encontro dos corpos
    Na manhã seguinte, o país despertou para o drama das buscas. Os corpos da esposa de Ulysses, de Severo Gomes, da esposa dele e do piloto foram resgatados, menos o de Ulysses Guimarães, que jamais foi encontrado.
    Na Câmara dos Deputados, o deputado Ibsen Pinheiro anunciou oficialmente sua morte.

Investigações posteriores e descobertas

  • Dificuldade inicial de investigações
    À época, tanto o Departamento de Aviação Civil (DAC) quanto o Corpo de Bombeiros trabalharam intensamente nas buscas. Mesmo após 22 dias, não foi possível localizar destroços significativos que explicassem as causas do acidente, nem o corpo de Ulysses Guimarães.
  • Reabertura do inquérito (2002)
    Dez anos depois, em julho de 2002, destroços do helicóptero, incluindo partes da fuselagem, foram encontrados por um pescador em Ubatuba (SP). Análises da Helibras atestaram que os fragmentos correspondem ao Esquilo do prefixo PT-HMK.
    Isso levou à reabertura do inquérito sobre as causas da tragédia, com buscas retomadas em áreas próximas à descoberta, como a Ponta de Trindade.
  • Tentativa de identificação de restos humanos (2001)
    Em 2001, foi analisado um crânio encontrado na costa de Santa Catarina, com algumas características condizentes com a arcada dentária de Ulysses Guimarães. O legista Nelson Quirino apontou que, por meio de restaurações dentárias coincidentes e devido ao estado dos fragmentos, poderia ser dele. A confirmação dependeria do dentista que o acompanhava em vida. No entanto, isso não foi confirmado publicamente posteriormente.

Situação atual e legado simbólico

  • Corpo jamais encontrado
    Até hoje, o corpo de Ulysses Guimarães não foi localizado, fato que se tornou um poderoso elemento simbólico, reforçando a imagem de sua presença ausente e perpetuando sua memória como símbolo da democracia e da luta por justiça.
  • Tempo e memória
    Embora tenhamos fragmentos da aeronave identificados, as causas do acidente permanecem oficialmente inconclusivas. A tragédia, aliada à ausência do corpo, alimentou tanto a honra de sua trajetória quanto especulações, fadando-se ao imaginário coletivo como um mistério não resolvido.

Fontes; pesquisas virtuais.

Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
07/09/2025

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