Tancredo de Almeida Neves nasceu em 4 de março de 1910, em São João del-Rei, Minas Gerais, em família tradicional da região.
Formou-se em Direito e desde cedo mostrou interesse pela vida pública, associando-se às discussões políticas e jurídicas que marcavam o Brasil do início do século XX. Seu ambiente familiar e a vocação para a vida pública o conduziram à política.
Na década de 1930, iniciou sua carreira como advogado e logo se aproximou do Partido Progressista. Com o tempo, tornou-se membro do Partido Social Democrático (PSD), uma das legendas mais influentes do período. Sua primeira eleição foi para vereador de sua cidade natal em 1935, o que lhe deu experiência inicial de contato com as necessidades locais e com o funcionamento das instituições representativas.
Em 1947, Tancredo foi eleito deputado estadual em Minas Gerais, e em 1950 chegou à Câmara dos Deputados, em Brasília ainda não inaugurada, quando o Rio de Janeiro era a capital federal.
Como parlamentar, destacou-se pela capacidade de diálogo, sempre valorizando a conciliação política. Essa habilidade seria sua marca ao longo da vida.
Em 1961, viveu um momento de grande destaque nacional ao ser nomeado primeiro-ministro, durante a crise que se seguiu à renúncia de Jânio Quadros.
Com a posse de João Goulart, o país foi levado ao regime parlamentarista como solução de compromisso, e Tancredo assumiu a chefia do governo. Sua habilidade de negociação foi decisiva para evitar rupturas maiores naquele contexto de instabilidade.
Com o golpe militar de 1964, manteve-se ativo na política, embora em posição de cautela, sobrevivendo às perseguições que atingiram muitos de seus contemporâneos.
Em 1982, em plena abertura política, foi eleito governador de Minas Gerais, tornando-se figura central no processo de redemocratização. Sua gestão buscou conciliar interesses regionais e nacionais, projetando-o como liderança capaz de unir diferentes correntes políticas.
Em 1984, tornou-se uma das principais vozes do movimento pelas Diretas Já, embora a emenda Dante de Oliveira não tenha sido aprovada. No ano seguinte, foi lançado candidato à Presidência da República pelo PMDB, com apoio de parte expressiva da oposição ao regime militar. Sua eleição em janeiro de 1985, pelo Colégio Eleitoral, representou a vitória da esperança democrática após duas décadas de ditadura.
Contudo, em 14 de março de 1985, às vésperas da posse, Tancredo Neves foi internado em estado grave de saúde. Submetido a várias cirurgias, não resistiu e faleceu em 21 de abril daquele ano, sem assumir formalmente o cargo de presidente. Seu desaparecimento trágico abalou o país e gerou profunda comoção popular.
A morte de Tancredo Neves, antes da posse, transformou-o em símbolo incontestável da redemocratização brasileira. Seu legado foi consolidado na imagem de um político conciliador, capaz de unir forças divergentes em torno da transição pacífica. O fato de não ter governado apenas reforçou a dimensão mítica de sua figura, lembrada até hoje como marco de esperança e renovação na política nacional.
Com a morte de Tancredo Neves, em 21 de abril de 1985, José Sarney foi empossado presidente, tornando-se o primeiro civil a ocupar o cargo após 21 anos de ditadura militar. Seu governo marcou a transição para a democracia, enfrentando dificuldades econômicas, como a hiperinflação, e conduzindo o país até a Assembleia Constituinte, que resultou na Constituição de 1988.
Fontes; pesquisas virtuais.
Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
07/09/2025