Licenciamento Ambiental com Alto Risco

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O Congresso Nacional aprovou projeto de lei que flexibiliza as regras do licenciamento ambiental no Brasil, permitindo a realização de obras com elevado potencial de impacto ecológico e social.

A medida gerou forte reação de ambientalistas, cientistas e organizações da sociedade civil, que alertam para a redução do controle sobre atividades degradantes e os riscos diretos às comunidades tradicionais.

Os defensores do projeto alegam que ele moderniza a legislação e desburocratiza processos.

Consolide sua opinião, conhecendo os principais pontos da nova lei, os interesses envolvidos e os potenciais danos ao meio ambiente e à imagem internacional do país.

Fundamentos principais da nova lei

  • Licença Ambiental Especial (LAE): Criação de modalidade que acelera a liberação de empreendimentos considerados “estratégicos” pelo governo, mesmo com alto potencial de degradação ambiental.
  • Dispensa de licenciamento: Ampliações de estradas, atividades agropecuárias, pequenos sistemas de saneamento e barragens de irrigação poderão ocorrer sem licenciamento.
  • Autodeclaração: Nacionalização da prática onde o empreendedor emite a licença por meio de uma simples declaração via internet, sem análise prévia do órgão ambiental.
  • Renovação automática: Licenças poderão ser renovadas automaticamente com base em autodeclaração, desde que não haja alteração nas condições da atividade.
  • Descentralização: Retira poderes do Ibama e do Conama, transferindo responsabilidades para estados e municípios, inclusive no caso da Mata Atlântica.
  • Desconsideração de territórios tradicionais não homologados: Áreas indígenas ou quilombolas ainda não tituladas ficam de fora do processo de licenciamento.
  • Licenciamento “furando fila”: Obras estratégicas poderão ter análise acelerada, em detrimento de outros projetos.

Principais protagonistas e interesses

  • Deputado Zé Vitor (PL-MG): Relator da proposta, defende que não há afrouxamento ambiental e que haverá análise de riscos.
  • Senador Davi Alcolumbre (União-AP): Atuou para incluir a licença especial no texto. Defensor da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, o que beneficiaria financeiramente seu estado.
  • Frente Parlamentar Agropecuária (FPA): Apoia fortemente a proposta, com o argumento de desburocratização e incentivo à produção agropecuária.
  • Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE): Alega ganhos para o ambiente de negócios e segurança jurídica.

Os interesses envolvidos são majoritariamente econômico-financeiros, voltados ao agronegócio, exploração mineral e de petróleo, obras de infraestrutura e expansão urbana sem entraves ambientais.

Repercussões e críticas de ambientalistas e cientistas

  • O projeto é considerado o “maior retrocesso ambiental desde a ditadura militar”, segundo o Observatório do Clima.
  • O Instituto Socioambiental (ISA) aponta que mais de 18 milhões de hectares de áreas protegidas poderão ser impactados.
  • Estudos de especialistas da USP e UFOP alertam para a “proliferação de empreendimentos degradadores” sem controle efetivo.
  • A nova lei poderá repetir tragédias como Mariana e Brumadinho, por reduzir o rigor técnico e o controle prévio.

Impactos negativos para o Brasil no cenário internacional

  • Fragiliza a imagem do Brasil em véspera da COP30, que será realizada em Belém.
  • Pode prejudicar acordos ambientais e comerciais com a União Europeia e outros parceiros internacionais, que exigem garantias socioambientais nas trocas comerciais.
  • Aumenta a vulnerabilidade do país diante de sanções comerciais ou bloqueios a produtos agroindustriais brasileiros, por falta de rastreabilidade ambiental.

Possíveis prejuízos e danos concretos

  • Aumento do desmatamento, sobretudo na Amazônia e na Mata Atlântica.
  • Expansão de obras em áreas sensíveis sem estudo prévio adequado.
  • Ameaça à sobrevivência de comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais.Redução da fiscalização e aumento da impunidade para crimes ambientais.
  • Aceleração de mudanças climáticas locais e globais com efeitos cumulativos.

Em resumo; a nova lei tem como objetivo declarado agilizar processos e facilitar empreendimentos, mas, na prática, coloca em risco importantes salvaguardas ambientais, com forte viés pró-setores produtivos e contra a precaução ecológica e os direitos dos povos tradicionais.

Fontes; pesquisas virtuais.

Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
17/07/2025

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