Irã – História e Acontecimentos Relevantes

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O Irã tem origem na histórica civilização da Pérsia, uma das mais antigas do planeta, com raízes que remontam a cerca de 3.000 a.C.

Sob o nome de Império Persa, ganhou destaque a partir do século VI a.C., com Ciro, o Grande, fundador do Império Aquemênida, que se tornou um dos maiores da história antiga. Ao longo dos séculos, foi dominado por vários impérios e dinastias, como os partas, sassânidas, árabes islâmicos, mongóis e safávidas.

O nome Irã, que significa “terra dos arianos”, começou a ser usado oficialmente em 1935, substituindo Pérsia nos documentos internacionais, embora ambos os nomes ainda sejam reconhecidos historicamente.

A história recente do Irã é marcada por profundas transformações políticas, sociais e ideológicas.

Segue resumo dividido em breves relatos, que traçam essa trajetória desde os tempos modernos até os dias atuais.

1. Era Pahlavi e a ocidentalização (1925–1979)

Em 1925, Reza Shah Pahlavi fundou a dinastia Pahlavi, com forte inspiração ocidental. Seu filho, Mohammad Reza Pahlavi, xá do Irã, deu continuidade ao projeto de modernização e secularização do país. Durante seu reinado o Irã teve aproximação com os Estados Unidos e o Reino Unido. As reformas incluíram maior participação das mulheres na vida pública, educação moderna e economia voltada para o Ocidente. Porém, essas mudanças geraram desigualdades e repressão política através da polícia secreta SAVAK.

  • SAVAK foi a polícia secreta do Irã durante o regime do xá Mohammad Reza Pahlavi, criada em 1957 com apoio da CIA e do Mossad. Atuava como instrumento de repressão política, espionagem interna e controle da oposição. Era temida por práticas de censura, prisões arbitrárias, tortura e assassinatos. Sua atuação brutal foi um dos principais fatores que alimentaram o descontentamento popular e contribuíram para a Revolução Islâmica de 1979.

2. Revolução Islâmica (1979)

Insatisfeitos com o autoritarismo do xá, a desigualdade social e a influência ocidental, milhões de iranianos apoiaram a Revolução Islâmica, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. Em 1979 o regime monárquico foi derrubado, e a República Islâmica do Irã foi fundada, baseada em preceitos teocráticos xiitas. Khomeini tornou-se o Líder Supremo e passou a reger o país por meio da sharia, lei islâmica. As mulheres perderam muitos direitos adquiridos anteriormente, como a liberdade de vestuário, e opositores políticos foram perseguidos.

3. Crise dos reféns e isolamento internacional (1979–1981)

Após a revolução, a ocupação da embaixada americana em Teerã por estudantes islâmicos, com a tomada de 52 reféns por 444 dias, levaram ao rompimento das relações com os EUA e ao início do isolamento internacional do Irã. O país passou a ser visto como inimigo ideológico do Ocidente.

4. Guerra Irã-Iraque (1980–1988)

Saddam Hussein, líder do Iraque, invadiu o Irã em 1980. A guerra durou oito anos e causou mais de um milhão de mortes. O conflito fortaleceu ainda mais o regime islâmico, que usou o nacionalismo religioso como instrumento de controle interno. De forma contraditória o Ocidente apoiou, em parte, o Iraque durante o conflito.

5. Pós-Khomeini e momentos de abertura (1989–2005)

Após a morte de Khomeini em 1989, Ali Khamenei assumiu como Líder Supremo. Durante os anos 1990, sob o presidente Mohammad Khatami – 1997–2005 -, houve breve período de abertura política, cultural e diálogo com o Ocidente, conhecido como reforma moderada. Khatami buscou maior liberdade de expressão e papel mais construtivo no cenário internacional, mas foi limitado pelo poder dos conservadores ligados ao clero.

6. Era Ahmadinejad e endurecimento (2005–2013)

A eleição de Mahmoud Ahmadinejad marcou guinada radical. Sua retórica antiocidental, negação do Holocausto e avanço no programa nuclear aumentaram o isolamento do Irã. Internamente houve repressão à imprensa, opositores e mulheres. Suspeitas de fraude, as eleições de 2009 geraram grandes protestos, como o Movimento Verde, violentamente reprimidos.

7. Acordo nuclear e breve reaproximação (2013–2018)

Com a eleição de Hassan Rouhani, político mais moderado, em 2015 o Irã negociou acordo nuclear com os países do P5+1 – EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha. O acordo suspendeu sanções em troca de limites ao programa nuclear iraniano. Isso trouxe alívio econômico e esperança de reabertura. Nesse acordo, a participação do presidente dos EUA, Barack Obama, foi fundamental e decisiva.

8. Ruptura do acordo e retorno ao confronto (2018–2020)

Em 2018 o presidente Donald Trump retirou os EUA do acordo nuclear e reimpôs severas sanções ao Irã. Isso abalou a economia iraniana, provocando inflação, desemprego e novos protestos internos. O regime respondeu com maior repressão generalizada e retomada de atividades nucleares.

9. Tensão crescente e repressão interna (2020–2023)

O assassinato do general Qassem Soleimani em 2020, por um drone americano, intensificou as tensões. Em 2022, a morte de Mahsa Amini sob custódia policial por “uso inadequado do véu” provocou protestos massivos liderados por mulheres e jovens. A repressão foi brutal, com centenas de mortos e milhares de presos. O regime reafirmou seu autoritarismo e teocracia, ignorando pressões internacionais por reformas.

10. Situação atual (2024–2025)

O Irã segue sob o comando de Ali Khamenei, com poder centralizado no clero xiita e instituições como a Guarda Revolucionária. O presidente Ebrahim Raisi – morto em maio de 2024 e sucedido por interinamente Mohammad Mokhber -, manteve a linha dura. As relações com o Ocidente continuam tensas, embora existam tentativas pontuais de reabrir negociações nucleares. Internamente, a população enfrenta repressão, crise econômica, desemprego e constante vigilância. O tratamento às mulheres continua sendo uma das questões mais graves, com leis rígidas e punições severas para quem desafia as normas religiosas.

Hoje, o Irã é país marcado por dualidades. Uma sociedade jovem e conectada, desejando liberdade e integração global, governada por elite religiosa conservadora e xenófoba, que prioriza a ideologia e o controle social acima dos direitos humanos e da convivência pacífica internacional.

Acontecimentos recentes, iniciados em 12/06/2025).

Israel lançou ofensiva sem precedentes contra o Irã, na chamada Operação Rising Lion, atingindo mais de 100 alvos, incluindo instalações nucleares, como Natanz, e áreas militares e residenciais em Teerã, resultando na morte de altos comandantes da Guarda Revolucionária, como Hossein Salami, Mohammad Bagheri e Gholam Ali Rashid, e de vários cientistas nucleares.

Em retaliação, como resposta imediata aos ataques israelenses, o Irã lançou mais de 100 drones contra Israel, muitos interceptados por Israel, Jordânia e Iraque.

O aiatolá Ali Khamenei classificou as ações de Israel como “declaração de guerra”, prometendo “punição severa”, enquanto o primeiro‑ministro Netanyahu afirmou que a campanha “continuará pelo tempo que for necessário” para impedir o avanço nuclear iraniano.

Realidade crítica

O conflito atingiu estágio crítico, com risco real de escalada regional. A intercepção dos drones evitou danos diretos em solo israelense até o momento, mas a tensão diplomática aumentou drasticamente. Este episódio compromete não apenas a estabilidade local, mas também inviabiliza negociações nucleares, justamente no momento em que se esperava uma retomada de negociações em Omã.

Destacando o perigo de uma conflagração bélica generalizada no Oriente Médio, em sua maioria a comunidade internacional apela por desescalada.

Fontes; pesquisas virtuais.

Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
13/06/2025

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