Ilha Submersa Reivindicada Pelo Brasil

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A ilha submersa é o Monte Submarino do Rio Grande, também conhecido como Elevação do Rio Grande.

Trata-se de grande elevação submarina localizada no Oceano Atlântico Sul, que tem sido objeto de interesse do Brasil no contexto de ampliação da sua plataforma continental junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) da ONU, em conformidade com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS).

PRINCIPAIS DADOS E INFORMAÇÕES RELEVANTES

1. Nome e Localização

  • Nome: Monte Submarino do Rio Grande – Elevação do Rio Grande.
  • Localização: Atlântico Sul, a cerca de 1.200 km a leste da costa do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
  • Coordenadas aproximadas: entre 28°S e 34°S de latitude e 35°W e 45°W de longitude.

2. Profundidade e Dimensões

  • Profundidade média: varia entre 700 e 3.500 metros abaixo da superfície do mar.
  • Altitude em relação ao fundo oceânico: a elevação chega a se erguer até 4.000 metros acima do assoalho oceânico, mas sem emergir à superfície.
  • Extensão estimada: cerca de 150.000 a 300.000 km², dependendo dos critérios utilizados. Aproximadamente as dimensões do Paraná ou Rondônia.

3. Situação Jurídica

  • O Brasil está reivindicando a Elevação do Rio Grande como extensão natural de sua plataforma continental, o que permitiria exercer direitos exclusivos sobre recursos do solo e subsolo marinhos, incluindo minerais e petróleo, conforme artigo 76 da UNCLOS.
  • O país apresentou proposta à CLPC, ONU, buscando o reconhecimento da área como parte de sua plataforma continental estendida, além das 200 milhas náuticas da Zona Econômica Exclusiva, ZEE.

4. Características Relevantes

  • A Elevação do Rio Grande tem origem vulcânica, sendo parte de um sistema geológico associado ao afloramento do Domo de Vitória-Trindade e à Pluma do Manto do Atlântico Sul.
  • Algumas regiões da elevação apresentam crosta de ferromanganês, rica em terras raras, cobalto, níquel e outros minerais estratégicos, usados em tecnologia avançada.
  • Estudos científicos indicam presença de recursos minerais submarinos promissores e interesse biológico/ecossistêmico.

5. Vantagens Estratégicas e Interesses Brasileiros

  • A Elevação do Rio Grande poderia se tornar uma importante fonte de recursos minerais estratégicos, sobretudo para tecnologia verde e eletrônica.
  • O reconhecimento permitiria ao Brasil exclusividade na exploração e pesquisa científica da área.
  • Estratégia de soberania e proteção ambiental – O domínio da área amplia a presença brasileira no Atlântico Sul e fortalece a atuação do país na região.

6. Obstáculos e Questões Controversas

  • Há divergências sobre a natureza geológica da elevação. A ONU exige que a elevação seja uma prolongação natural do território continental, e não uma formação oceânica isolada.
  • Outros países, como o Reino Unido e Argentina, já demonstraram interesse ou reservas em relação a algumas dessas reivindicações brasileiras.

7. Situação Atual (até 2024)

  • A proposta brasileira foi parcialmente aceita pela CLPC, mas a área da Elevação do Rio Grande ainda está sob análise e questionamento técnico.
  • O Brasil continua coletando dados geológicos e geofísicos para reforçar a argumentação de que a elevação é uma extensão natural da plataforma continental sul-americana.

8. Contexto mais amplo

  • A Elevação do Rio Grande faz parte da estratégia brasileira conhecida como “Amazônia Azul”, que visa proteger e explorar os recursos marinhos sob jurisdição nacional, ampliando o papel geopolítico do Brasil no Atlântico Sul.

As chances objetivas de o Brasil obter reconhecimento internacional pleno da Elevação do Rio Grande como parte de sua plataforma continental estendida são limitadas, mas não nulas. Dependem de fatores geológicos, jurídicos, técnicos e diplomáticos. Seguem os principais aspectos que influenciam essa avaliação.

1. Ponto a favor do Brasil

  • O Brasil tem histórico sólido de reivindicações técnicas bem fundamentadas junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) da ONU.
  • Já obteve reconhecimento de cerca de 80% de sua proposta original de extensão da plataforma continental, em 2004, em outras áreas além das 200 milhas náuticas.
  • Realizou expedições científicas e levantamentos geofísicos e geológicos extensivos, liderados pela Marinha do Brasil e pelo Projeto LEPLAC – Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira.

2. Principal obstáculo técnico

  • A Elevação do Rio Grande é estrutura de origem vulcânica oceânica.
  • A CLPC tem sido rigorosa em casos semelhantes, exigindo que o relevo reivindicado seja prolongamento natural da margem continental (art. 76 da UNCLOS). Formações vulcânicas oceânicas independentes ou separadas por zonas de falha e bacias profundas não são aceitas.
  • Muitos especialistas internacionais consideram que a Elevação do Rio Grande é um plateau oceânico isolado, e não uma extensão geológica da plataforma continental brasileira.

3. Posição atual da CLPC

  • A Comissão não rejeitou totalmente a reivindicação brasileira sobre a Elevação, mas suspendeu análise definitiva e solicitou mais evidências científicas para comprovar o vínculo geológico com a margem continental sul-americana.
  • Esse status é descrito como “reserva técnica”, indicando que a decisão foi adiada, mas o dossiê segue em avaliação, sem prazo determinado.

4. Fatores políticos e diplomáticos

  • A CLPC é um órgão técnico, mas seus integrantes são indicados por Estados-membros da ONU, o que confere à análise um certo viés geopolítico.
  • Países como Reino Unido, Argentina, e outros com interesses no Atlântico Sul podem manifestar reservas diplomáticas se considerarem que a decisão afeta seus próprios interesses, como a área em torno de Ascensão ou Malvinas.

5. Conclusão objetiva

  • Chances atuais: são moderadas para negativas, com base nos critérios técnicos predominantes na CLPC e na geologia conhecida da Elevação.
  • Para que haja vitória brasileira completa, será necessário apresentar novas e mais robustas evidências geológicas de que a Elevação é, de fato, prolongamento natural da margem continental sul-americana, o que é discutível do ponto de vista técnico internacional.

Em termos práticos, não é impossível, mas é improvável nas condições atuais. O mais provável é que o Brasil continue a reivindicar a área, mantenha o monitoramento e conduza novos estudos científicos, enquanto negocia respaldo diplomático e científico.

Fontes; pesquisas virtuais.

Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
08/07/2025

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