Tragédia de Tenerife – Março 1977

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O pior acidente da história da aviação comercial ocorreu em 27/03/1977, no aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife, Espanha, matando 583 pessoas. Dois Boeing 747, um da KLM e outro da Pan Am, colidiram na pista em meio a nevoeiro denso.

A tragédia foi consequência de uma sequência improvável de fatores:

  • atentado a bomba no aeroporto de destino – Gran Canaria – desviou os voos para Tenerife, congestionando o pequeno aeroporto;
  • a pista principal foi usada para taxiamento;
  • o comandante da KLM decidiu abastecer desnecessariamente, atrasando a partida;
  • a neblina reduziu a visibilidade;
  • o aeroporto não possuía radar de solo;
  • houve falhas de comunicação entre torre e aeronaves, com uso de termos ambíguos; e
  • o Pan Am não saiu da pista no ponto combinado.

O fator decisivo foi a decolagem iniciada pelo comandante da KLM, sem autorização, enquanto o Pan Am ainda estava na pista.

O impacto destruiu imediatamente o KLM e incendiou o Pan Am, matando todos os 248 ocupantes do avião holandês e 335 do americano. Apenas 61 passageiros do Pan Am sobreviveram, todos na parte frontal da aeronave.

Conclusões da investigação oficial

As autoridades espanholas atribuíram a causa principal à tripulação da KLM, por decolar sem autorização. Investigadores holandeses contestaram, apontando a contribuição de falhas de comunicação e condições adversas.

Principais ensinamentos e mudanças na aviação

  1. Melhoria da comunicação: padronização internacional mais rigorosa no inglês aeronáutico, proibição de termos ambíguos (“takeoff” usado apenas na autorização final de decolagem) e exigência de repetição das instruções para confirmação.
  2. Equipamentos e infraestrutura: instalação de radares de solo em aeroportos e modernização de pistas e procedimentos para baixa visibilidade.
  3. Cultura de cabine: fortalecimento do “Crew Resource Management” (CRM), incentivando copilotos e engenheiros a questionarem o comandante quando necessário e estimulando decisões colaborativas.
  4. Gestão do tráfego aéreo: revisão de procedimentos para aeroportos com alto volume de operações e atenção especial a situações de contingência.

A tragédia de Tenerife tornou-se marco de transformação na aviação mundial.

As mudanças decorrentes elevaram o padrão de segurança a ponto de, em anos recentes, haver períodos inteiros sem nenhuma morte em voos comerciais com aeronaves a jato, algo impensável na década de 1970.

Fontes; pesquisas virtuais.

Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
12/08/2025

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