Rebuscando antigas lembranças do tempo que fui aluno candidato à piloto de aviões, lembrei-me de mórbido relato, confessado por instrutor de voo da época!
Estranhamente entusiasmado, certamente tentando animar o pequeno grupo de alunos, o instrutor declarou;
“Urubu não voa IFR!”.
- Voar IFR (Instrument Flight Rules = Regras de Voo por Instrumentos) significa comandar voo completamente sem visão externa à aeronave, ou seja, sob única orientação dos instrumentos de voo disponíveis no painel da aeronave.
Contou o instrutor.
Em seu início na aviação, pequeno grupo animadamente discutia sobre voos IFR, quando um dos presentes inusitadamente indagou; “Será que urubu voa IFR?”.
Rapidamente chacotas e risos foram substituídos por sério desafio; “Vamos testar?”
Dias depois, em animada visita ao matadouro local, se ocuparam na perseguição aos urubus que se alimentavam na área!
Depois de alguns ferimentos, muita canseira, incidentes e acidentes, finalmente conseguiram capturar uma das aves.
Usando pequena vestimenta antecipadamente preparada encapuzaram o urubu, que se acalmou na falta de visão!
Rapidamente se dirigiram ao aeroporto, onde, com a ave, decolaram com uma das aeronaves disponíveis.
Nivelados em considerável altura, ainda com o urubu encapuzado o soltaram – ou jogaram – no espaço livre!
Atentamente observando a ave, detalharam que o urubu bateu as asas algumas vezes, por mínimos segundos se estabilizando em voo.
Imediatamente em seguida estava em desorientação espacial!
Entrando em estol iniciou mergulho com crescente velocidade vertical, atingindo o solo diretamente, sem tentar pousar!
Estava provado; urubu não voa IFR!
Foi um dos contos do nosso aventureiro instrutor!
Verdade ou chiste?
Não soubemos! Nunca saberemos!
Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
21/03/2024