Segue breve listagem de brasileiras que se destacaram na aviação, com base no conteúdo de “Aviadoras Pioneiras no Brasil”, do escritor piloto Teomar Benito Ceretta, incluindo informações do site “pdias.com.br” e complementada por diversas fontes confiáveis da Internet,. As informações incluem dados principais e breve relato de suas carreiras.
Teresa de Março (Thereza / Tereza di Marzo) – Nasceu 1903 (São Paulo). Morreu 1986. Atividade civil; aviadora privada/pioneira. Conquistas e contexto: foi a primeira mulher brasileira a obter o brevê de piloto de avião (brevê nº 76), em 8 de abril de 1922, pelo Aeroclube do Brasil. Apesar do pioneirismo, sua carreira foi curta: casou-se com seu instrutor de voo e, segundo relatos, deixou de voar logo em seguida, após cerca de 300 horas de voo.
Anésia Pinheiro Machado – Nasceu 5 de junho de 1904 (Itapetininga, SP). Morreu 10 de maio de 1999 (Rio de Janeiro). Atividade civil; aviadora, instrutora, voos de reide e acrobáticos. Conquistas e contexto: foi a segunda mulher a receber brevê de piloto no Brasil (brevê nº 77), em 9 de abril de 1922, um dia após Teresa de Março. Realizou o primeiro voo solo em céu nacional em 17 de março de 1922. Pouco depois fez o primeiro voo interestadual feminino (São Paulo – Rio de Janeiro) em comemoração ao centenário da Independência. Ao longo da vida obteve licenças avançadas nos EUA (piloto comercial, instrutora, voo por instrumentos) e em 1951 fez um reide de 17.756 km, entre Nova York e Rio de Janeiro, cruzando 15 países e os Andes, em feito de grande repercussão. Em 1954 a Fédération Aéronautique Internationale (FAI) a reconheceu como decana mundial da aviação feminina, por ter o brevê ativo mais antigo.
Ada Rogato – Nasceu 22 de dezembro de 1910 (São Paulo) . Morreu 15 de novembro de 1986 (São Paulo). Atividades variadas: planador, aviadora civil, acrobática, paraquedista, agrícola (aviação agrícola) e voos de reide. Conquistas e contexto: primeiro brevê de planador feminino da América do Sul (1935) e terceira mulher no Brasil a obter licença de piloto de avião. Primeira mulher paraquedista do Brasil (1941). Durante a II Guerra Mundial voou em missões voluntárias de patrulhamento sobre o litoral paulista. Em 1948 realizou o primeiro voo agrícola feminino do país. Em 1950 tornou-se a primeira brasileira a cruzar os Andes num pequeno avião (Paulistinha), e em 1951 completou um circuito de 51.064 km, pelas três Américas, chegando até o Círculo Polar Ártico, em recorde feminino de distância em pequeno avião. Também foi a primeira piloto (homem ou mulher) a pousar num aeroporto de grande altitude (La Paz, Bolivia) com pequeno avião, em 1952.
Arlete Vitória Ziolkowski — Primeira mulher a pilotar linha aérea comercial no Brasil. Em outubro de 1986 tornou-se copiloto de Boeing 737-200 na VASP, sendo a primeira mulher no Brasil a ocupar posto de pilotagem numa companhia aérea comercial. Sua conquista abriu caminho para a presença feminina nas companhias aéreas brasileiras, muito embora exigisse que ela batalhasse por anos para superar preconceitos e barreiras institucionais.
Carla Roemmler — Primeira mulher comandante em empresa aérea na América do Sul. Gaúcha, ingressou na VASP em 1988 como copiloto de Boeing 737-200. Oito anos depois foi promovida a comandante, tornando-se a primeira mulher com esse posto em uma companhia aérea da América do Sul.
Terezinha Santos Motta — Pioneira como piloto agrícola habilitada formalmente. Natural de MG, foi a primeira mulher a cursar o CAVAG (Curso de Aviação Agrícola) oficialmente, formando-se na 3ª turma em 1973. Com isso, tornou-se a primeira mulher oficialmente habilitada a atuar como piloto agrícola no Brasil.
Rosa Helena Schorling Albuquerque – Nasceu em 1919. Faleceu em 2017. Atividades no paraquedismo / esportiva / demonstrações aéreas. Conquistas e contexto: considerada a primeira mulher a fazer salto de paraquedas no Brasil. Em 1940, durante a Semana da Asa no Rio, realizou seu primeiro salto sobre a Baía de Guanabara. Ao longo da carreira completou mais de 130 saltos. Participou de competições e demonstrações de paraquedismo, tornando-se uma referência no esporte aéreo feminino.
Lucy Lúpia Pinel Balthazar Alves de Pinho – Nasceu 1932. Morreu 2012. Atividades civil / comercial (aviação comercial). Conquistas e contexto: foi a primeira mulher piloto de aviação comercial no Brasil. Seu exemplo marca a transição das mulheres da aviação de lazer/pioneira para o setor profissional/comercial.
Carla Alexandre Borges (às vezes chamada Carla Borges) – Nasceu 1983 (Jundiaí, SP). Atividade militar (caça, transporte presidencial) na Força Aérea Brasileira (FAB). Conquistas e contexto: faz parte da primeira turma de mulheres aviadoras da FAB — a partir de 2003. Em 2011 tornou-se a primeira mulher da FAB a pilotar um caça de “primeira linha” (aeronave A-1 / AMX). Foi também a primeira mulher a comandar o avião presidencial do Brasil, o VC-1 (Airbus A319), em missão com presidente a bordo. Sua trajetória é símbolo da incorporação das mulheres nas fileiras da aviação militar e de combate..
Fernanda Görtz – Nasceu em 1984 (Rio de Janeiro). Atividade militar ; aviadora da FAB. Conquistas e contexto: foi a primeira mulher brasileira a realizar um voo solo em aeronave militar da F AB (T-25 Universal), em 26 de março de 2004. Representa o início de uma nova geração de aviadoras nas forças armadas brasileiras.
Joyce de Souza Conceição – Natural de Manaus, AM. Ano de nascimento não divulgado. Formou-se aviadora em 2006. Atividade militar; transporte de carga, operações de apoio, transporte institucional na FAB. Conquistas e contexto: formou-se na primeira turma de mulheres aviadoras da FAB (2003–2006) Em 2012 tornou-se a primeira mulher da FAB habilitada a pilotar o C-130 Hercules, aeronave de transporte de carga e tropas. Em 2016, como capitã, tornou-se a primeira mulher brasileira a pousar no continente Antártico, numa missão de apoio ao Programa Antártico Brasileiro. Em janeiro de 2025 foi nomeada primeira mulher a comandar uma unidade aérea da FAB; o “Esquadrão Gordo” (1º/1º GT), marco histórico institucional.
Flavia Lucilio – Assumiu o comando do gigante Airbus A380 na Emirates, inspirando gerações. Natural de Itápolis, interior de São Paulo, entrou para a história como uma das raras brasileiras a comandar o Airbus A380, o maior avião comercial do planeta. Desde 2016 atua na Emirates – Emirados Árabes Unidos, onde vem conquistando respeito e admiração por sua competência e representatividade no setor aéreo. CLIQUE PARA CONHEÇER MAIS DETALHES SOBRE A FLÁVIA LUCILIO
Karina Buchalla Lutkus – Brasileira que assumiu o posto de comandante do Airbus A380 da Emirates – Emirados Árabes Unidos, o maior avião comercial do planeta. Várias matérias recentes na Web afirmam que Karina realizou o voo de cheque final (base check) em 27 de outubro de 2025 e, com isso, passou a ser oficialmente comandante do Airbus A380 da Emirates. CLIQUE PARA CONHEÇER MAIS DETALHES SOBRE A KARINA BUCHALA LUTKUS
Observações gerais
A história da aviação feminina no Brasil começa nos anos 1920, com mulheres como Teresa de Março e Anésia Pinheiro Machado, que romperam barreiras sociais em contexto de forte preconceito e restrição de gênero. Nas décadas seguintes, sobretudo a partir dos anos 1930/1950, figuras como Ada Rogato ampliaram o leque de atividades, não mais apenas voos sociais ou de lazer, mas acrobacias, paraquedismo, aviação agrícola, voos de longa distância, reides e expansão da memória da aviação no Brasil.
A partir dos anos 1980/1990, com novas oportunidades de carreira e a abertura do mercado de aviação comercial e militar para mulheres, surgiram pioneiras na aviação comercial (como Lucy Lúpia) e, principalmente, militares nas fileiras da FAB, em processo que continua até os dias atuais, com aviadoras da mais alta responsabilidade operacional e comando (como Carla Borges e Joyce de Souza Conceição).
Limitações
Esta lista não esgota todas as aviadoras brasileiras relevantes, sobretudo porque há muitas mulheres que contribuíram em nichos mais específicos (treinamento, instrutoras, helicópteros, transporte regional, aviação agrícola, esportiva, privada, regional etc.) em histórias que podem estar pouco documentadas ou menos divulgadas. Muitas também estão vivas e/ou em atividade, e a me’mória institucional ainda evolui. Além disso, os dados sobre datas de nascimento/morte, horas de voo ou detalhes biográficos nem sempre estão disponíveis.
Fontes; pesquisas virtuais.
Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
26/11/2025

