James Webb – A História Não Contada – O relato que segue foi obtido em tradução do inglês, de áudio em vídeo original da NASA, em resumos abordando comentários sobre o fenomenal Telescópio Espacial James Webb – JWST, destacando bastidores, curiosidades, implicações científicas e orientando sobre como todos, cientistas e aficionados, podem acessar e usar o James Webb.
O vídeo original da NASA, com link no final da matéria, é identificado como “James Webb – A História Não Contada – Amanhecer Cósmico do Telescópio Espacial – Cosmic Dawn”.
Com detalhes o vídeo relata a ideia inicial do projeto do telescópio, sua aprovação e construção, com as enormes dificuldades surgidas.
Desde a aprovação do projeto do JWST, em 1996, até seu lançamento em 2021, em 25 anos de desenvolvimento em terra os cientistas enfrentaram dezenas de milhares de desafios, dos mais complexos aos mais sutis, de falhas estruturais a interferências acústicas, de complicações climáticas a vibrações imprevisíveis. Apesar dos enormes obstáculos, jamais cogitaram desistir. A dedicação das equipes permaneceu inabalável até o sucesso do lançamento.
ALGUMAS CURIOSIDADES
Decorreram 25 anos entre a aprovação pela NASA e o lançamento ao espaço.
O projeto se chamava inicialmente NGST – Next Generation Space Telescope. Em 2002 foi renomeado para James Webb, em homenagem a James E. Webb, ex-administrador da NASA.
O custo total estimado do telescópio foi de aproximadamente 10 bilhões de dólares, hoje aproximadamente 55,4 bilhões de reais
O planejamento original da NASA previa vida útil de aproximadamente 5 anos. No entanto, o lançamento extremamente preciso permitiu grande economia de combustível. Por isso, estimativas apontavam que o telescópio poderia operar por 10 anos ou mais, desde que os instrumentos e sistemas permaneçam funcionais. Ampliação nesse tempo útil, como acontecido no Hubble por meio de aperfeiçoamentos e reparos espaciais, não acontecerão, em razão da enorme distância, inalcançável por astronautas. Entretanto, estimativa mais recente sugere a possibilidade de mais de 20 anos de operação possível.
Comparando; a distância entre a Terra e o Hubble é de 540 km. Entre a Terra e a Lua é de 384.400 km. O JWST está afastado em pouco mais de 1,5 milhão de km.
Distâncias
- Terra – Hubble: aproximadamente 540 km – quinhentos e quarenta quilômetros
- Terra – Lua: aproximadamente 384.400 km – trezentos e oitenta e quatro mil e quatrocentos quilômetros.
- Terra – JWST: aproximadamente 1.500.000 km – um milhão e quinhentos mil quilômetros.
Com velocidade inicial de cerca de 10.000 km/h, aos poucos reduzida, utilizou 30 dias para atingir seu destino, no ponto de Lagrange L2, percorrendo aproximadamente 1,5 milhão de km, resultando em velocidade média – estimada – de cerca de 2.083 km/h.
As primeiras operações de ajustes e correções iniciaram poucas horas após o lançamento. No terceiro dia os instrumentos começaram a ser energizados e testados, com o desdobramento da antena, abertura dos componentes térmicos e desdobramento do espelho primário. Alinhamento final e calibração profunda só ocorreram após alcançar L2.
As primeiras imagens científicas completas foram divulgadas em 12 de julho de 2022.
Por que “Cosmic Dawn”?
O documentário “Cosmic Dawn” – Aurora Cósmica -, da NASA, explora a epopeia humana envolvida na criação do Telescópio Espacial James Webb – JWST, dos sonhos iniciais até as imagens que mudaram – e ainda mudam – nossa compreensão do Universo. Combina relatos técnicos e narrativas pessoais para mostrar o que está por trás do atual “novo olhar” sobre o cosmos.
1. Dos primeiros planos ao espelho dobrável
Inspirado no sucesso do Hubble, desde os anos 1990 já pensavam em um telescópio muito maior. Cerca de 8 metros de espelho – seis vezes a área do Hubble – seria o ideal para captar objetos extremamente tênues.
Para conseguir isso precisaria viajar dobrado, como um origami. Com êxito os cientistas projetaram e construíram o JWST com o espelho em 18 segmentos hexagonais que se desdobraram no espaço, além de escudo solar do tamanho de uma quadra de tênis, em proteção contra altas temperaturas e radiações solares.
2. Do projeto à quase-catástrofe
A jornada foi marcada por crises técnicas, políticas e orçamentárias. Os custos dispararam. Recursos foram cortados e o projeto chegou a ser cancelado, quando já havia consumido 25 % do orçamento da NASA.
Após revisões, cortes e muita persistência, finalmente retomaram o projeto. O JWST foi lançado ao espaço em dezembro de 2021 – veja link ao final da matéria -, chegando ao seu destino, o ponto de Lagrange L2, há cerca de 1.609.000 km – um milhão, seiscentos e nove mil quilômetros – da Terra. O processo de desdobramento do espelho foi realizado com sucesso inacreditável, executado com precisão quase cirúrgica.
3. Por que infravermelho?
Diferentemente do Hubble, que cobre o ultravioleta e o visível, o Webb opera no infravermelho, permitindo observar:
- No universo primordial, a luz ultravioleta, emitida pelas primeiras estrelas e galáxias, esticada pelo esquema da expansão cósmica que chega até nós como infravermelho .
- Nebulosas e planetas, cuja poeira atrapalharia outras faixas do espectro.
4. Primeiras imagens – SMACS 0723
O JWST produziu um dos retratos mais profundos do Universo; “(…) a região do aglomerado SMACS 0723, capturada por cerca de 12 horas em múltiplos filtros”.
Comparada à versão do Hubble dessa mesma região, a imagem do Webb revela galáxias muito mais distantes, refletindo luz quando o Universo tinha apenas cerca de 7% de sua idade atual. Nela também vemos fenômenos fascinantes:
- Galáxias elípticas massivas, brancas, brilhantes.
- Galáxias distorcidas por lente gravitacional, que agem como lupa cósmica .
- Estrelas individuais em nossa Galáxia, com seus característicos espigões de difração – formato de estrela de seis pontas.
5. Como cientistas e aficionados “pegam visão” do Webb
A NASA explica de forma acessível o processo responsável por direcionar o JWST.
a. Proposta de Observação (GO – General Observer) – Qualquer cientista do planeta, e aficionado, pode submeter um projeto. Precisa detalhar objetivos, alvos, instrumentos e justificativa única que só o JWST pode atender.
b. Fase 2 – Quando aceito o projeto, é criado um roteiro técnico com apontamentos, filtros, tempo de exposição, etc. Um erro nessa etapa pode significar perda de tempo de observação.
c. Execução e dados
Observações são realizadas ao longo do ano. Dados chegam por e-mail e têm um ano de acesso exclusivo para a equipe.
Depois o acervo é liberado globalmente via MAST, em arquivo que também reúne dados de missões anteriores, como os telescópios Hubble, Kepler e Gaia .
d. Programas legados
Observações planejadas para benefício coletivo são disponibilizadas imediatamente para todos, com fundamento de ampliar o retorno científico, como os “Deep Fields” do Hubble.
e. Do cientista ao astro‑entusiasta: “participe também!”
Mesmo que não seja profissional, qualquer pessoa pode usar os dados do JWST.
O YouTube e sites de processamento de imagens mostram como baixar, combinar filtros e criar imagens coloridas personalizadas da nebulosa de Carina, entre outras.
O trabalho realizado pode até ser destaque em canais especializados. O documentário menciona um canal que já foi eleito para futura menção .
Considerações finais
O JWST superou dificuldades políticas, riscos técnicos e desafios logísticos e financeiros, resultando em equipamento científico impressionante.
Entre muitas atividades com excelentes resultados, sua sensibilidade ao infravermelho permite sondar:
- A origem das galáxias e estrelas.
- A formação de planetas.
- Atmosferas exoplanetárias em busca de sinais de vida potencial.
O sistema de propostas, combinando acesso profissional e público, democratiza o uso dessa poderosa ferramenta, ainda que sequencialmente.
Para o leigo apaixonado resta se inspirar, estudar os dados disponíveis, aprender processamento, participar de comunidades e, quem sabe, descobrir algo espetacular por si!
VÍDEO ORIGINAL DA NASA – “COSMIC DAWN” – 01h36m40s
MINHAS MATÉRIAS
LANÇADO O TELESCÓPIO ESPACIAL JAMES WEBB – DE 25/12/2021
TELESCÓPIO ESPACIAL JAMES WEBB SURPREENDENDO – DE 10/04/2024
Fontes; pesquisas virtuais.
Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
15/06/2025