Na véspera do último Natal, a Parker Solar Probe, sonda da NASA, aproximou-se do Sol mais do que qualquer outro artefato humano já ousou.
Durante dez dias enfrentou temperaturas próximas a 1.000 °C, cumprindo sozinha uma missão científica sem qualquer intervenção direta de astronautas.
Casos como este levantam a questão: ainda precisamos enviar humanos ao espaço, quando robôs autônomos parecem capazes de ir mais longe, mais rápido e a custos menores?
Há décadas sondas robóticas percorrem o Sistema Solar, visitando planetas, luas, asteroides e cometas. Enquanto isso, os humanos só alcançaram a órbita terrestre e a Lua.
Cerca de 700 pessoas foram ao espaço desde 1961, muitas apenas em voos suborbitais. Já os robôs, guiados ou semiautônomos, avançam constantemente.
Para o físico Andrew Coates (University College London), eles representam a forma mais prática de exploração: são mais baratos, não precisam de suporte vital e podem operar em ambientes letais para seres humanos. O astrônomo Martin Rees vai além, defendendo que o envio de astronautas deveria ser financiado apenas com recursos privados, já que os riscos e custos são enormes.
No entanto, há pontos que pesam a favor dos humanos. Astronautas são versáteis, adaptam-se a situações imprevistas e conseguem realizar experimentos em órbita com rapidez. Além disso, há o fator intangível: inspiração.
A chegada de um ser humano a Marte teria um impacto simbólico muito maior do que qualquer pouso robótico, como lembra o ex astronauta Leroy Chiao. Essa dimensão política e cultural sempre foi determinante: a corrida espacial da Guerra Fria, por exemplo, serviu tanto à ciência quanto à demonstração de poder.
A inteligência artificial, por sua vez, pode ampliar a autonomia dos robôs. Exemplos atuais incluem a sonda Curiosity, em Marte, capaz de analisar rochas sem depender de comandos imediatos da Terra. O avanço dos modelos de IA sugere que, no futuro, máquinas poderão realizar tarefas complexas com mínima supervisão. Contudo, ainda existem limitações: sondas operam com processadores muito inferiores aos de um celular comum e não têm energia suficiente para sustentar sistemas de IA avançados em tempo real.
Uma linha promissora está nos robôs humanoides. Projetos como o Robonaut e o Valkyrie, da NASA, mostram máquinas capazes de manusear ferramentas de astronautas, executar reparos delicados e proteger habitats quando não há humanos a bordo. A ideia não é substituir, mas complementar: robôs para as tarefas de risco e repetitivas; humanos para decisões rápidas, experimentos e o fator inspiracional.
No horizonte, discussões se dividem entre missões humanas e colônias em Marte, defendidas por nomes como Elon Musk, e a cautela de cientistas que alertam para barreiras biológicas e éticas, como a dúvida se bebês poderiam se desenvolver em baixa gravidade. Há ainda visões mais radicais, como a de Martin Rees, que prevê uma fusão entre homem e máquina, com futuras gerações de “ciborgues espaciais” geneticamente adaptados a ambientes hostis.
Assim, o cenário mais provável não é de substituição, mas de cooperação. Robôs abrem caminhos e tornam as viagens mais seguras, enquanto astronautas inspiram, lideram e testam os limites da presença humana no cosmos. No futuro, explorar o espaço talvez seja uma jornada híbrida: humanos e máquinas, lado a lado, enfrentando os desafios do desconhecido.
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CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO NO ESPAÇO
Fontes; pesquisas virtuais.
Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
16/08/2025