DIFICULDADES MAIORES IMPOSSIBILITAM
Por meio de precisos estudos geológicos da crosta e da superfície, utilizando modernas tecnologias, recentemente cientistas da NASA declararam que existe grande volume de água líquida no subterrâneo do Planeta Marte, há aproximadamente 1,5 km de profundidade, na região do Polo Sul.
Considerando que água é necessária para hidratação humana, e transformação em combustível, essa notícia reacendeu os ânimos dos otimistas sonhadores da possibilidade dessa confirmação permitir a colonização humana naquele planeta, acreditando que agora teremos a solução para astronautas lá sobreviverem, e prepararem aquele planeta para nele habitarmos, se e quando tivermos que deixar nosso rico Planeta Terra, ainda insubstituível.
Sonhos, por enquanto!
Com a atual tecnologia que dominamos, mesmo considerando futuros e rápidos progressos em significativas evoluções, continuamos cientes de diversas situações que impedem esses planejamentos, e continuarão impedindo durante muitos anos, várias dezenas deles.
A simples navegação entre a Terra e Marte impõem graves problemas na segurança dos astronautas, cujos corpos não suportam a longa exposição aos raios cósmicos permanentemente ativos no espaço, seguidamente afetando a constituição, manutenção e desenvolvimento físico, redução na consistência muscular e óssea, e outros males, chegando a deformar genes, com graves consequências.
Além de prejuízos à circulação sanguínea, que sofre alterações significativas, os astronautas perdem cerca de 1% a 1,5% de densidade óssea para cada mês passado no espaço. As proteções criadas nas estações planetárias, ainda escassas e insuficientes, não são conseguidas para as astronaves tripuladas.
Um exemplo simples é a frequente declaração dos astronautas, de seguidamente observarem e filmarem pontos brilhantes em movimentos no espaço, chegando a parecer fogos de artifício, mesmo quando fecham os olhos durante tempestades de radiação. Isso acontece em razão de partículas radioativas que depositam energia quando passam diretamente pelo sensor de câmera filmadora, e, com mesmo efeito, pela retina do olho humano.
Tais fenômenos foram confirmados por experiências aplicadas aos astronautas, quando, envolvendo suas cabeças inteiramente dentro de capacetes especialmente projetados para impedir completamente a passagem de luz, portanto, os mantendo com a visão em total escuridão, e, ainda assim, sob o efeito das radiações, eles continuaram vendo os pontos brilhantes em movimento, mesmo quando fechando os olhos nessa experiência.
Essa radiação depositada origina falso sinal, fazendo com que a câmera, e o olho humano, erroneamente identifiquem partículas virtuais, ou raios de luz. Cientistas dizem que esse efeito da radiação, um deles, mínimo, serve para nos alertar que os futuros visitantes do planeta vermelho precisarão ter alta proteção contra os raios cósmicos.
Agravando, na superfície de Marte e em sua órbita, as emissões dessas radiações são significativamente maiores que as que atingem a Terra, que tem a proteção de sua ótima camada atmosférica e seu campo magnético ativo, inexistentes em Marte.
Esse é um dos menores problemas que astronautas enfrentarão durante tentativas de aventuras em Marte. São enormes os desafios, ainda intransponíveis para serem transportados até lá, sustentarem a vida e retornarem em segurança.
Na hipótese mais favorável, quando os dois planeta se posicionam em proximidades e pontos orbitais excelentes, utilizando sete (7) dias para nave autônoma, muito mais para nave tripulada, certamente mais que ano, somente a navegação de ida será uma das maiores aventuras humanas. Lá permanecer por longo tempo estará fora do atual alcance da nossa ciência. Retornar em segurança será jornada imprevisível!
A imagem seguinte exibe simulação de navegação da Terra à Marte, em período de posições mais favoráveis, e de menor tempo, que foi de fato percorrida por astronave que levou um moderno rover explorador até a superfície daquele planeta, ainda lá ativo.
Para chegar à Marte, inicialmente atingindo velocidade de cerca 39.600 km/h, em 30 de julho de 2020 a espaçonave americana Perseverance decolou do Planeta Terra, levando o Rover Explorador Curiosity, em momento que permitia a melhor performance no menor tempo, em razão das diferentes posições relativas e diferentes velocidades entre os dois planetas. A espaçonave americana Perseverance atingiu Marte em 18.02.2021.
A astronave teve que percorrer aproximadamente 480 milhões de quilômetros, navegando no espaço interplanetário durante sete meses, em velocidade média aproximada de 60.800 km/h – 49,59 vezes maior que a velocidade do som -, só possível para astronave autônoma, vez que astronautas a bordo não suportariam tais velocidades.
Examinemos algumas de outras dificuldades.
A grande distância entre a Terra e Marte, e o tempo necessário às navegações, tornam impossíveis realizações de futuras necessárias e frequentes missões de reabastecimento de equipamentos e alimentações.
As restrições de recursos são agravadas em razão das prolongadas durações de missões. Os grandes afastamentos, dependendo do momento na distância e posições entre os dois planetas, dificultam até mesmo a simples comunicação rádio, que exige oscilações de 5 a 20 minutos entre a emissão e recepção dos sinais.
As condições na superfície do Planeta Marte são fortemente desfavoráveis à sua colonização, onde, no verão marciano, a temperatura varia entre -20°C e -125°C, praticamente insuportáveis aos humanos.
A aceleração da gravidade na superfície de Marte é aproximadamente 38% menor que a da Terra. Reduzindo esforços naturais, em breve tempo origina atrofias musculares no corpo humano.
Marte tem as maiores tempestades de poeira do Sistema Solar. Além de menores eventuais, também prejudiciais, há cada cinco (5) anos terrestres, aproximadamente, Marte sofre gigantescas tempestades de poeira, envolvendo todo o planeta durante semanas, ou meses seguidos. Essa fina poeira inclui micropartículas cortantes, letais contra os trajes dos astronautas, que ficarão severamente prejudicados.
O planeta vermelho não possui atmosfera e campo magnético, como temos na Terra. Isso expõe sua superfície a altos níveis de radiação do Sol e de raios cósmicos.
Identificadas por manchas características, são frequentes as grandes irrupções solares, responsáveis por provocar intensas tempestades geomagnéticas, lançando ao espaço interplanetário forte ejeção de massa coronal.
Recentemente uma delas atingiu nosso planeta Terra, felizmente com mínimas consequências danosas, em razão da proteção natural que a Terra possui, por efeito do campo magnético que nos protege, além da significativa atmosfera protetora.
Esse mesmo fenômeno atingiu também Marte, provocando prejudicial tempestade magnética, que atingiu fortemente sua superfície em razão do planeta não ter a proteção de boa atmosfera e campo magnético.
Sondas orbitando Marte registraram os efeitos daquela explosão solar, com a ejeção de massa coronal transportando enorme nuvem de plasma solar superaquecido até a superfície, a milhões de quilômetros por hora.
O Rover Curiosity, ativo na superfície daquele planeta, registrou a explosão magnética liberada pelo sol, que inflou e aqueceu significativamente a escassa atmosfera de Marte. Os dados transmitidos à Terra mostraram que, se um astronauta estivesse na mesma região que o veículo, teria instantaneamente absorvido radiação equivalente a trinta (30) radiografias de tórax, quantidade insuportável ao corpo humano.
As informações coletadas fornecem compreensão sobre as grandes dificuldades que teremos para manter os nossos astronautas seguros em Marte, apenas para se proteger das emissões radioativas, principalmente durante as frequentes e poderosas tempestades solares.
Como alimentos não podem ser transportados até lá com a frequência necessária, o desenvolvimento agrícola local também origina graves problemas. A permanente radiação atmosférica e as frequentes fortes tempestades solares tornam difícil plantar e cultivar alimentos suficientes no desafiador ambiente do planeta.
Considerando que o cultivo de plantas requer luz solar, com energia dosada, e muito espaço, será difícil, quase impossível, cultivar alimentos suficientes, mesmo que os astronautas consigam fornecer luz artificial eficiente para sustentar seu crescimento.
A fina e tênue atmosfera de Marte, diferente da terrestre, não é suficiente para filtrar as partículas energéticas radioativas que penetram o solo. Isso significa que as tempestades de radiação são problemas permanentes.
Voltando à água necessária; para conseguir sua extração, há mais de um (1) quilômetro da superfície, são necessários pesados equipamentos, que nunca conseguiremos enviar para lá. Comparando, lembremos do gigantesco volume de estruturas e ferramentas utilizadas na extração de petróleo terrestre, que tem o auxílio da pressão que facilita seu impulso à superfície, normalmente não existente na água!
As dificuldades relatadas são apenas alguns exemplos das muitas que impedem os cientistas de programar a aventura de uma navegação de astronautas até Marte, mais ainda de lá os manter por tempo prolongado.
Para que isso se torne realidade teremos que avançar muito nos aperfeiçoamentos da tecnologia necessária.
Tais dificuldades estão levando à conclusões de que, para conseguirmos os sucessos esperados, os astronautas que primeiro navegarão à Marte serão robôs, talvez biológicos!
Nossos descendentes serão as testemunhas!
Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
17/08/2024