Bentos ou Comunidade Bentônica – Curiosidades Marinhas

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Bentos é o conjunto de organismos que vivem no fundo de ambientes aquáticos, como oceanos, mares, rios e lagos, seja sobre ou dentro do sedimento, areia, lama, rochas.

Comunidade bentônica refere-se especificamente ao grupo de seres vivos, vegetais, animais e microrganismos, que compõem o bentos em determinado local, interagindo entre si e com o meio.

Diferenças – Bentos é o termo geral para os organismos do fundo. Comunidade bentônica é o conjunto organizado desses organismos em um ecossistema específico.

Bentos ou Comunidade Bentônica Marinha – Trata-se de vasto e complexo conjunto de organismos, animais, vegetais, fungos e microrganismos, que vivem fixos, semifixos ou deslocando-se lentamente sobre ou no interior do substrato do fundo marinho, especialmente em águas costeiras rasas, como recifes de coral, costões rochosos, pradarias marinhas, estuários e manguezais.

Esse sistema apresenta as seguintes características:

  1. Inclui organismos vegetais e animais – como algas, esponjas, corais, moluscos, crustáceos, vermes, equinodermos e bactérias.
  2. Pode ser produtor, consumidor e decompositor – algas bentônicas e fanerógamas marinhas fazem fotossíntese; moluscos e crustáceos filtradores se alimentam de plâncton; outros organismos servem de alimento a peixes e outros animais móveis.
  3. Serve de berçário e abrigo – muitos peixes e invertebrados passam parte do ciclo de vida no bentos, protegidos de predadores.
  4. É base essencial de cadeias alimentares – interage com os néctons, organismos nadadores, e o plâncton, organismos flutuantes, promovendo equilíbrio ecológico.
  • Néctons são organismos aquáticos que possuem locomoção ativa, ou seja, conseguem nadar livremente e vencer as correntes de água. Fazem parte das comunidades marinhas e se distinguem dos plânctons, que são passivos e levados pelas correntes, e dos bentos, que vivem no fundo do mar. São essenciais para o equilíbrio ecológico marinho, atuando como predadores, herbívoros ou filtradores, dependendo da espécie
  • Plânctons são organismos aquáticos, geralmente microscópicos, que flutuam passivamente na água, sendo levados pelas correntes e ondas, como os fitoplâncton e zooplâncton. Eles não têm força suficiente para nadar contra o movimento da água, o que os diferencia de outros grupos como o nécton, nadadores ativos, e os bentos, organismos do fundo.

Em resumo, a vida bentônica é um dos principais pilares dos ecossistemas marinhos costeiros, funcionando como suporte vital para muitas espécies móveis e fixas, e sendo fundamental na manutenção da biodiversidade e da produtividade marinha,

Seguem breves comentários científicos e curiosidades sobre representantes da comunidade bentônica, organizados conforme os principais ambientes marinhos costeiros rasos, seguidos de imagens ilustrativas com exemplos indicados na mesma ordem.

1. Recifes de Coral

  • Corais-pétreos (Ordem Scleractinia) – Animais coloniais que formam esqueletos calcários, criando estruturas de recifes. Vivem em simbiose com algas zooxantelas, responsáveis por parte da coloração vibrante dos corais.
    Curiosidade: Apesar da aparência, não são plantas nem rochas, mas animais filtradores.
  • Peixe Donzela (Família Pomacentridae) – Vive entre os corais e ajuda a manter algas sob controle.
    Curiosidade: Algumas espécies “cultivam” algas, como pequenos agricultores subaquáticos.
  • Estrela-do-mar (Classe Asteroidea) – Predadora lenta que se move com pés ambulacrais.
    Curiosidade: Algumas espécies regeneram braços inteiros ou até o corpo inteiro.
  • Pepino-do-mar (Classe Holothuroidea) – Se alimenta do sedimento orgânico entre os corais.
    Curiosidade: Pode expelir parte de suas entranhas como defesa.
  • Esponjas (Filo Porifera) – Animais filtradores fixos aos recifes.
    Curiosidade: Algumas produzem compostos medicinais usados em pesquisas anticâncer.

2. Costões Rochosos

  • Mexilhões (Família Mytilidae) – Ficam fixos às rochas, formando colônias densas. Filtram partículas da água para se alimentar.
    Curiosidade: Usam fios de proteína extremamente aderentes, estudados para criação de adesivos médicos.
  • Cracas (Subclasse Cirripedia) – Incrustadas em rochas e cascos, abrem suas placas para filtrar o plâncton.
    Curiosidade: Nascem como larvas móveis e se fixam de cabeça para baixo permanentemente.
  • Anêmonas-do-mar (Ordem Actiniaria) – Cnidários fixos com tentáculos urticantes.
    Curiosidade: Vivem em simbiose com alguns peixes, como o peixe-palhaço.
  • Ervas-marinhas epilíticas (microalgas verdes e marrons) – Recobrem superfícies rochosas.
    Curiosidade: Servem de alimento para vários herbívoros marinhos.
  • Ermitões (Família Paguridae) – Crustáceos que habitam conchas abandonadas.
    Curiosidade: Mudam de concha conforme crescem, podendo competir por elas.

3. Pradarias Marinhas

  • Capim-marinho (Gênero Halodule, Halophila, etc.) – Plantas verdadeiras que formam campos submersos. Fazem fotossíntese e estabilizam o solo.
    Curiosidade: São berçários naturais de peixes e invertebrados
  • Cavalos-marinhos (Gênero Hippocampus) – Agarram-se às folhas com a cauda.
    Curiosidade: O macho é quem “engravida” e dá à luz.
  • Peixe-agulha (Família Syngnathidae) – Vive camuflado entre folhas de capim-marinho.
    Curiosidade: Parente dos cavalos-marinhos, também com gestação masculina.
  • Nudibrânquios (Subordem Nudibranchia) – Lesmas marinhas coloridas.
    Curiosidade: Alguns absorvem toxinas ou cloroplastos de suas presas.
  • Caramujos marinhos (Família Trochidae) – Pastam algas das folhas.
    Curiosidade: Suas conchas formam espirais precisas usadas como exemplo de simetria natural.

4. Estuários

  • Caranguejo-uçá (Ucides cordatus) – Escava tocas profundas nos sedimentos. Alimenta-se de folhas em decomposição.
    Curiosidade: Tem importância ecológica e cultural, sendo símbolo de muitas regiões costeiras brasileiras.
  • Poliquetas (Classe Polychaeta) – Vermes segmentados que vivem enterrados no lodo.
    Curiosidade: Alguns têm brânquias externas coloridas e mandíbulas retráteis que lembram dentes de filme de terror.
  • Tainha (Família Mugilidae) – Peixe que se alimenta do lodo orgânico do fundo.
    Curiosidade: Suporta variações bruscas de salinidade e turbidez.
  • Gongolo-marinho (Classe Sipuncula) – Verme cilíndrico enterrado no sedimento.
    Curiosidade: Retrátil, com tromba que se estende para coletar matéria orgânica.
  • Camarão-pitu (Macrobrachium carcinus) – Crustáceo de água salobra.
    Curiosidade: Um dos maiores camarões de água doce e estuarina do Brasil.

5. Manguezais

  • Mangue-vermelho (Rhizophora mangle) – Planta com raízes-escora que estabilizam o solo e abrigam diversos animais bentônicos.
    Curiosidade: Suas sementes já germinam no galho, caindo prontas para fixação (propágulos).
  • Ostras (Família Ostreidae) – Fixam-se às raízes e troncos, alimentando-se por filtração.
    Curiosidade: Uma única ostra pode filtrar dezenas de litros de água por dia, ajudando a manter a qualidade do ambiente.
  • Aratu (Gênero Goniopsis) – Caranguejo trepador dos troncos e raízes do mangue.
    Curiosidade: Tem comportamento noturno e corre velozmente pelos galhos.
  • Tatuí (Família Hippidae) – Crustáceo que vive enterrado próximo à linha da maré.
    Curiosidade: Move-se rapidamente enterrando-se com marés agitadas.
  • Fungos decompositores de folha de mangue – Microrganismos invisíveis a olho nu.
    Curiosidade: São os grandes recicladores da matéria orgânica no solo encharcado.

O aquecimento global tem causado sérios danos aos sistemas bentônicos marinhos, como o branqueamento e morte de corais, a redução de oxigênio nos sedimentos, a acidificação dos oceanos e a perda de biodiversidade em recifes, estuários e pradarias marinhas.

Esses impactos comprometem o equilíbrio ecológico, a pesca, a proteção costeira e a própria vida marinha. Cientistas alertam que, sem ações urgentes para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e proteger os habitats marinhos, muitos desses ecossistemas podem colapsar irreversivelmente, com graves prejuízos à humanidade.

Ainda é possível mitigar os danos, mas o tempo é curto. A responsabilidade humana é imediata e inadiável.

Fontes; pesquisas virtuais.

Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
29/07/2025

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