“A Terra já rompeu 7 dos 9 limites planetários”.
A ideia dos “limites planetários” vem de modelo científico criado em 2009 por um grupo internacional de pesquisadores, liderado por Johan Rockström, do Instituto de Resiliência de Estocolmo, posteriormente atualizado em 2015 e 2023.
Esse modelo estabelece nove processos fundamentais do sistema terrestre que mantêm o planeta em condições estáveis e seguras para a vida humana.
A superação de certos limites representa riscos graves de desestabilização ambiental, podendo levar a colapsos regionais ou globais.
Os 9 limites planetários
- Mudança climática – refere-se à concentração de gases de efeito estufa (especialmente CO₂ e metano) e ao aumento da temperatura média global.
- Integridade da biosfera (perda de biodiversidade) – mede a taxa de extinção de espécies e a degradação de ecossistemas.
- Mudança no uso da terra – envolve o desmatamento e a conversão de áreas naturais em agricultura, pasto e cidades.
- Uso da água doce – avalia a quantidade de água superficial e subterrânea retirada para uso humano em comparação com a reposição natural.
- Fluxos biogeoquímicos (ciclos de nitrogênio e fósforo) – refere-se ao excesso desses nutrientes, principalmente da agricultura, que gera poluição de solos e águas.
- Acidificação dos oceanos – causada pela absorção de CO₂ pelos mares, afetando recifes e organismos marinhos.
- Aerossois atmosféricos – refere-se ao impacto das partículas suspensas (poluição do ar, fuligem, poeira industrial) sobre clima e saúde.
- Depleção da camada de ozônio estratosférico – refere-se à destruição do ozônio que protege a Terra da radiação ultravioleta.
- Novas entidades (poluição química e plásticos) – engloba substâncias artificiais introduzidas pela atividade humana (plásticos, pesticidas, metais pesados, PFAS, radioatividade etc.) que não têm precedente natural e podem causar desequilíbrios.
Situação atual segundo estudos recentes
De acordo com a última avaliação científica, publicada em 2023 na revista Science Advances:
- Sete limites já foram ultrapassados: mudança climática, integridade da biosfera, uso da terra, ciclos de nitrogênio, ciclos de fósforo, novas entidades (poluição química) e uso da água doce.
- Dois ainda dentro da zona segura, mas sob pressão: acidificação dos oceanos e camada de ozônio (esta última em recuperação graças ao Protocolo de Montreal).
- Aerossois atmosféricos é considerado mais complexo, com avaliação regional, mas também em níveis preocupantes em várias partes do mundo.
Esclarecimento sobre o enunciado
Quando especialistas dizem que “a Terra já rompeu 7 dos 9 limites planetários”, não significa que o colapso global já está em curso, mas sim que o planeta entrou em uma “zona de risco” em vários sistemas essenciais para a estabilidade ambiental.
A metáfora do “mais perto do colapso” indica que as mudanças podem interagir entre si, criando pontos de não retorno (como colapso de florestas, derretimento irreversível de geleiras ou morte em massa de ecossistemas marinhos).
Portanto, o enunciado é baseado em estudos sérios e revisados por pares.
O alerta central é que a humanidade está reduzindo a resiliência do planeta, tornando crises ambientais mais prováveis e graves se não houver mudança rápida em padrões de consumo, energia, agricultura e proteção ambiental.
QUADRO-RESUMO ORGANIZADO DE FORMA CLARA E DIDÁTICA
Quadro-Resumo dos 9 Limites Planetários
- Mudança climática
Situação: Ultrapassado
Consequências: Aumento da temperatura global, ondas de calor extremas, derretimento de geleiras, elevação do nível do mar, eventos climáticos mais intensos. - Integridade da biosfera (biodiversidade)
Situação: Ultrapassado
Consequências: Extinção acelerada de espécies, colapso de ecossistemas, redução dos serviços ambientais (polinização, regulação climática, purificação da água). - Mudança no uso da terra
Situação: Ultrapassado
Consequências: Desmatamento, perda de habitats, erosão de solos, desequilíbrios hídricos, menor capacidade de absorção de carbono. - Uso da água doce
Situação: Ultrapassado
Consequências: Escassez de água potável, queda nos níveis de rios e aquíferos, conflitos pelo uso da água, prejuízo para agricultura e abastecimento humano. - Fluxos biogeoquímicos (nitrogênio e fósforo)
Situação: Ultrapassado
Consequências: Eutrofização de rios, lagos e mares, zonas mortas em oceanos, perda de qualidade da água, impacto na pesca e na saúde humana. - Acidificação dos oceanos
Situação: Sob pressão (ainda dentro do limite, mas em risco)
Consequências: Fragilização de corais e organismos calcários, redução da biodiversidade marinha, impacto em cadeias alimentares e pesca. - Aerossóis atmosféricos
Situação: Regionalmente crítico, globalmente em avaliação
Consequências: Poluição do ar, problemas respiratórios em humanos, alteração nos regimes de chuvas, influência no clima regional. - Depleção da camada de ozônio estratosférico
Situação: Seguro (em recuperação graças ao Protocolo de Montreal)
Consequências: Quando enfraquecida, aumenta incidência de radiação ultravioleta, câncer de pele, catarata, danos a plantas e fitoplâncton. - Novas entidades (poluição química e plásticos)
Situação: Ultrapassado
Consequências: Acúmulo de plásticos em oceanos, contaminação por pesticidas, metais pesados e PFAS, riscos para a saúde humana e ecossistemas.
Esse quadro mostra que, dos nove limites, sete já foram ultrapassados, um está sob pressão (acidificação dos oceanos) e apenas um está em situação segura (camada de ozônio, mas que exige manutenção das políticas de controle).
Fontes; pesquisas virtuais.
Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
24/09/2025