Como nação a trajetória do Brasil começou em 1500, quando Pedro Álvares Cabral chegou às terras que passaram a ser incorporadas à Coroa portuguesa.
Durante o período colonial, que se estendeu por mais de três séculos, o país foi explorado economicamente por ciclos produtivos como o do pau-brasil, da cana-de-açúcar, do ouro e, mais tarde, do café, sempre sustentados pelo trabalho escravizado de indígenas e africanos.
O Brasil tornou-se uma das principais colônias do império ultramarino português, essencial para sua riqueza e influência.
Em 1808, a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em fuga das tropas napoleônicas, marcou ponto decisivo. O Brasil foi elevado a Reino Unido a Portugal e Algarves em 1815, ganhando maior autonomia política.
Poucos anos depois, em 1822, Dom Pedro I proclamou a independência, dando início ao Império do Brasil. Sua abdicação em 1831 abriu caminho para período de regência conturbado, seguido pelo reinado de Dom Pedro II, que se estendeu de 1840 até 1889.
O Segundo Reinado foi marcado pela consolidação territorial, pelo fortalecimento das instituições, pela modernização gradual da economia e pela participação em conflitos externos, como a Guerra do Paraguai.
Internamente, destacaram-se a ascensão do café como principal produto de exportação, e os avanços na infraestrutura, como ferrovias e telégrafos. Ao mesmo tempo, crescia o movimento abolicionista, que culminou com a Lei Áurea em 13 de maio de 1888, extinguindo oficialmente a escravidão no Brasil.
Entretanto, a abolição abalou a base de apoio do Império junto às elites agrárias, ao mesmo tempo em que o Exército, fortalecido pela Guerra do Paraguai, ampliava sua insatisfação com a monarquia.
Esse cenário, somado à ascensão de ideias republicanas, resultou na Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, quando o marechal Deodoro da Fonseca depôs Dom Pedro II e inaugurou a trajetória republicana do país.
O documento seguinte apresenta todos os presidentes do Brasil, em ordem cronológica desde a Proclamação da República em 1889 até a atualidade. O objetivo é oferecer visão panorâmica da trajetória política brasileira ao longo de sua história republicana.
PRESIDENTES DO BRASIL
Deodoro da Fonseca – 15 de novembro de 1889 a 23 de novembro de 1891. Marechal que proclamou a República, foi o primeiro presidente do Brasil. Seu governo enfrentou instabilidade e crises com o Congresso, levando à sua renúncia.
Floriano Peixoto – 23 de novembro de 1891 a 15 de novembro de 1894. Conhecido como “Marechal de Ferro”, consolidou o novo regime enfrentando revoltas como a Revolução Federalista e a Revolta da Armada.
Prudente de Morais – 15 de novembro de 1894 a 15 de novembro de 1898. Primeiro presidente civil, enfrentou a Revolta de Canudos e buscou estabilizar a política republicana.
Campos Sales – 15 de novembro de 1898 a 15 de novembro de 1902. Criou o “funding loan” para renegociar a dívida externa e consolidou a política do “café com leite”, que garantiu a alternância de poder entre São Paulo e Minas Gerais.
Rodrigues Alves – 15 de novembro de 1902 a 15 de novembro de 1906. Seu governo modernizou o Rio de Janeiro com reformas urbanas de Pereira Passos e as campanhas sanitárias de Oswaldo Cruz contra epidemias.
Afonso Pena – 15 de novembro de 1906 a 14 de junho de 1909. Incentivou a imigração, a expansão ferroviária e a industrialização. Morreu no exercício do cargo.
Nilo Peçanha – 14 de junho de 1909 a 15 de novembro de 1910. Criou as Escolas de Aprendizes Artífices, precursoras da rede federal de ensino técnico.
Hermes da Fonseca – 15 de novembro de 1910 a 15 de novembro de 1914. Militar e sobrinho de Deodoro, enfrentou a Revolta da Chibata e rebeliões regionais, tentando fortalecer o Exército na política.
Venceslau Brás – 15 de novembro de 1914 a 15 de novembro de 1918. Governou durante a Primeira Guerra Mundial, enfrentou greves operárias e a devastadora epidemia da Gripe Espanhola.
Delfim Moreira – 15 de novembro de 1918 a 28 de julho de 1919. Assumiu interinamente após a morte de Rodrigues Alves, eleito presidente para novo mandato, mas que não chegou a tomar posse.
Epitácio Pessoa – 28 de julho de 1919 a 15 de novembro de 1922. Investiu em obras de infraestrutura, mas enfrentou crises políticas e a Revolta do Forte de Copacabana, início do movimento tenentista.
Artur Bernardes – 15 de novembro de 1922 a 15 de novembro de 1926. Governa sob estado de sítio quase permanente devido às revoltas tenentistas e à instabilidade política.
Washington Luís – 15 de novembro de 1926 a 24 de outubro de 1930. Último presidente da Primeira República, foi deposto pela Revolução de 1930, que levou Vargas ao poder.
Getúlio Vargas – 3 de novembro de 1930 a 29 de outubro de 1945. Conhecido como “Pai dos Pobres”, assumiu após a Revolução de 1930. Governou como chefe provisório, depois constitucional, e finalmente ditador no Estado Novo. Criou a CLT, ampliou direitos trabalhistas e incentivou a industrialização. Deposto por militares em 1945.
José Linhares – 29 de outubro de 1945 a 31 de janeiro de 1946. Presidente do STF, assumiu interinamente após a deposição de Vargas, garantindo as eleições de 1945.
Eurico Gaspar Dutra – 31 de janeiro de 1946 a 31 de janeiro de 1951. Militar eleito, alinhou o Brasil aos EUA na Guerra Fria, cassou o Partido Comunista e incentivou a indústria automobilística.
Getúlio Vargas – 31 de janeiro de 1951 a 24 de agosto de 1954. Retornou eleito pelo voto direto, mas enfrentou forte oposição e crise política. Em meio a pressões, suicidou-se em 24 de agosto de 1954, gesto que marcou a história brasileira.
Café Filho – 24 de agosto de 1954 a 8 de novembro de 1955. Vice de Vargas, enfrentou grave instabilidade política e foi afastado por problemas de saúde.
Carlos Luz – 8 de novembro de 1955 a 11 de novembro de 1955. Presidente da Câmara, assumiu interinamente, mas foi deposto em três dias por suspeita de tentativa de golpe.
Nereu Ramos – 11 de novembro de 1955 a 31 de janeiro de 1956. Presidente do Senado, assumiu interinamente para garantir a posse de Juscelino Kubitschek.
Juscelino Kubitschek – 31 de janeiro de 1956 a 31 de janeiro de 1961. Com o lema “50 anos em 5”, promoveu desenvolvimento acelerado e construiu Brasília, inaugurada em 1960.
Jânio Quadros – 31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto de 1961. Eleito com discurso moralizador, renunciou inesperadamente após sete meses, provocando grave crise política.
Ranieri Mazzilli – 25 de agosto de 1961 a 7 de setembro de 1961. Presidente da Câmara, assumiu interinamente. Voltaria a ocupar o cargo em 1964.
João Goulart – 7 de setembro de 1961 a 1º de abril de 1964. Conhecido como Jango, tentou implantar reformas de base, mas foi deposto pelo golpe militar de 1964.
Ranieri Mazzilli – 1º de abril de 1964 a 15 de abril de 1964. Assumiu interinamente após a deposição de Jango, até a escolha do novo presidente militar.
Castelo Branco – 15 de abril de 1964 a 15 de março de 1967. Primeiro presidente do regime militar, editou o AI-2 e reforçou a centralização do poder.
Costa e Silva – 15 de março de 1967 a 31 de agosto de 1969. Endureceu o regime, criando o AI-5 em 1968. Afastado por doença, deixou o poder sob junta militar.
Junta Militar – 31 de agosto de 1969 a 30 de outubro de 1969. Governou coletivamente até a posse de Médici.
Médici – 30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974. Governo do auge da repressão e do “milagre econômico”, com crescimento elevado, mas forte censura e perseguição política.
Geisel – 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979. Iniciou a abertura política lenta e gradual, moderando a repressão e enfrentando a crise do petróleo.
Figueiredo – 15 de março de 1979 a 15 de março de 1985. Último presidente militar, promoveu a anistia e conduziu a abertura que levou à redemocratização.
Tancredo Neves – eleito em 1985, faleceu antes da posse. Seu nome simboliza a transição para a democracia.
José Sarney – 15 de março de 1985 a 15 de março de 1990. Vice de Tancredo, tornou-se o primeiro civil após a ditadura. Enfrentou a hiperinflação e conduziu a Constituição de 1988.
Fernando Collor – 15 de março de 1990 a 29 de dezembro de 1992. Primeiro eleito por voto direto desde 1960, promoveu abertura econômica, mas sofreu impeachment em 1992 em meio a denúncias de corrupção.
Itamar Franco – 29 de dezembro de 1992 a 1º de janeiro de 1995. Vice de Collor, conduziu o país ao sucesso do Plano Real, que estabilizou a economia.
Fernando Henrique Cardoso – 1º de janeiro de 1995 a 1º de janeiro de 2003. Consolidou o Plano Real, promoveu privatizações e buscou estabilidade econômica.
Luiz Inácio Lula da Silva – 1º de janeiro de 2003 a 1º de janeiro de 2011, em duas gestões continuadas. Ex-metalúrgico e líder sindical, criou programas sociais como o Bolsa Família e governou durante o boom das commodities.
Dilma Rousseff – 1º de janeiro de 2011 a 31 de agosto de 2016. Primeira mulher presidente, reeleita em 2014. Sofreu impeachment em meio à crise política e econômica.
Michel Temer – 31 de agosto de 2016 a 1º de janeiro de 2019. Vice de Dilma, assumiu após o impeachment. Seu governo aprovou reformas trabalhistas e enfrentou denúncias de corrupção.
Jair Messias Bolsonaro – 1º de janeiro de 2019 a 1º de janeiro de 2023. Capitão reformado, eleito com discurso conservador. Seu governo foi marcado pela pandemia de Covid-19, tensões com instituições e políticas de direita radical.
Luiz Inácio Lula da Silva – 1º de janeiro de 2023 até o presente. Reeleito para terceiro mandato, enfrenta desafios econômicos, sociais, ambientais e a tarefa de reconstruir pontes políticas no Brasil e no cenário internacional.
Fontes; pesquisas virtuais.
Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
10/09/2025