Câmara Federal – Conselho De Ética Inoperante

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Prepare-se para espetáculo da inépcia institucional, com aparência de serviço público: o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, artefato burocrático que deveria ser guardião da moralidade legislativa, se destaca por ser máquina de procrastinação solene, retendo representações importantes em limbo processual, alimentando o corporativismo e interrompendo qualquer possibilidade de punição efetiva.

Câmara dos Deputados – Casos emblemáticos paralisados

Seguem alguns casos servindo como exemplos.

1. André Janones (Avante‑MG) – “rachadinha”

  • Denúncia por suposto esquema de “rachadinha” instalado em seu gabinete desde 2019.
  • Processo instaurado em dezembro de 2023, mas até meados de 2025 segue sem relator definido e sem andamento concreto.
  • O Conselho de Ética da Câmara instaurou processo de cassação contra o deputado federal André Janones. A falta de desfecho revela padrão clássico: demora, sorteio enviesado e baixa efetividade.

2. Ricardo Salles (PL‑SP)

  • Acusado de apologia à ditadura de 1964.
  • Representação formalizada, mas sem avanço efetivo no conselho até agora.

3. Sâmia Bomfim (PSOL‑SP)

  • Denúncia por suposta conduta desrespeitosa durante CPI do MST.
  • Processo aberto e parado, sem relator designado.

4. Jandira Feghali (PCdoB‑RJ)

  • Suposta ofensa ao deputado Nikolas Ferreira – “moleque” – em sessão da CPMI 8‑J.
  • Ação protocolada, mas sem desenvolvimento visível.

5. General Girão (PL‑RN)

  • Acusado de ameaça de violência contra Glauber Braga.
  • Representação formalizada, porém permanece estagnada.

6. Lindbergh Farias (PT‑RJ)

  • Acusado de chamar Carla Zambelli de “terrorista”.
  • Processo sem relatoria, sem julgamento.

7. Abílio Brunini (PL‑MT)

  • Acusado de declarações desrespeitosas durante audiência sobre a Palestina.
  • Representação engavetada, sem movimentação.

8. Márcio Jerry (PCdoB‑MA)

  • Suposta importunação sexual contra deputada Júlia Zanatta (PL‑SC).
  • Ainda não se sabe se o processo foi efetivamente encaminhado ao Conselho.

9. José Medeiros (PL‑MT)

  • Suposto empurrão e pisão contra deputado do PT.
  • Processos abertos, mas sem desdobramentos concretos.

10. Eduardo Bolsonaro (PL‑SP)

  • Acusação por discurso agressivo contra colega no plenário.
  • Representação instaurada, mas sem julgamento até o momento.

Mecanismos da letargia institucional

  1. A tramitação demora além dos prazos legais – 60 dias úteis previstos; cassações em até 90 dias -, mas, verdade; quase nenhum processo é concluído nestes prazos.
  2. O histórico revela que mais de 70 % dos casos são arquivados, e apenas cerca de 3 % terminam em cassação; um verdadeiro festival de impunidade.
  3. Corporativismo explícito: muitas relatorias são sorteadas entre aliados, ou resoluções são votadas como “inadmissíveis”, mesmo diante de indícios relevantes.

Ironia derradeira – o balanço final da imobilidade

No apagar das luzes, estima-se que pelo menos 10 representações aguardam análise no conselho desde 2023/2024; algumas instauradas já há mais de um ano, empilhando poeira institucional.

O resultado final? Órgão que deveria ser bastião da ética transformou-se em cemitério de processos, onde denúncias se perdem no limbo burocrático e a justiça se dissolve diante do corporativismo político.

É quase poético: o Conselho de Ética existiria para punir, mas virou símbolo da procrastinação normativa. Na prática, permanece uma engrenagem de proteção mútua, serviço público que prefere ignorar, protelar e enterrar, em vez de investigar e julgar. Para quem esperava rigor, sobra cinismo!

Fontes; pesquisas virtuais.

Paulo Dirceu Dias
paulodias@pdias.com.br
Sorocaba – SP
04/08/2025

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